sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O direito do desporto e o bem-estar

No Colectividade Desportiva José Manuel Meirim identifica 3 actos legislativos e sugere que o uso político do direito desportivo no caso gerará resultados abaixo do óptimo social e que existirão limites éticos a esta aplicação do direito do desporto pelo poder político no desporto.

As palavras não são estas mas a ideia económica a retirar rondará a interpretação do parágrafo anterior.

Considerando que a interpretação e as sugestões são objectivas o que aqui está em causa é o uso que determinados oficiais fizeram do instrumento que é o direito do desporto.

É pouco provável que quem decide tenha entregue a elaboração de legislação a médicos, engenheiros, gestores ou psicólogos, ou ainda ao motorista do presidente ou à sua secretária.

Há todo o poder de uma classe de profissionais que no caso do desporto é o do direito, ou já terá sido por exemplo, da arquitectura, em projectar níveis de ineficácia e de ineficiência na produção desportiva portuguesa e cujos resultados 3, 2 e 1 medalhas em JJOO é patente.

Quando se valoriza a presença de profissionais do direito para além da racionalidade e do óptimo desportivo e social não é de estranhar que o 3, 2 e 1 se concretize.

Obviamente, que se o caso da sobre-utilização for de gestores de desporto isso também contribuiria para resultados negativos e nesse caso haveria de distinguir o mérito do direito e da gestão nos resultados 3, 2 e 1.

Conviria aprofundar a análise questionando se, por exemplo, o comportamento destas corporações deve-se a que tipo de fracassos de mercado ou do Estado?

A resposta fica para além da fulanização de ciências do desporto e centra-se na racionalidade do modelo do desporto português.

O poste de José Manuel Meirim no Colectividade Desportiva não chegou aqui.

Em tese é possível sustentar que são as falhas do modelo do desporto português que incentiva ao comportamento político tanto o público quanto o privado e que prejudica o bem-estar social nacional criado através do desporto.

Este é o ponto a que o debate das ideias para a modernização do desporto deveria ser colocado e deveria ter como protagonistas tanto a universidade, quanto o parlamento, como o associativismo desportivo, entre outros.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

COP SALVA MAUSOLÉU DE LÁZARO



VIDAS PARALELAS

Francisco Lázaro (Benfica, 21 de Janeiro de 1888 - Estocolmo, 15 de Julho de 1912) foi um atleta português. Fez parte da primeira equipa olímpica portuguesa nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, Suécia, onde participou na prova da maratona. Lázaro desfaleceu durante a prova e veio a morrer poucas horas depois.

Francisco Lázaro, foi um ilustre desconhecido nos clubes em que se inscreveu, e na Federação Portuguesa de Atletismo, mas, no dia 15.07.2012, a Associação de Atletismo de Lisboa, em colaboração com a Xistarca, realizou a corrida “Memorial Francisco Lázaro”.

 Em seguida, efectuou-se uma romagem até ao Cemitério de Benfica, onde, junto do mausoléu de Francisco Lázaro (recuperado pelo Comité Olímpico Português) se realizou uma pequena cerimónia de homenagem.

Francisco Amorós (Valência, 19 de Fevereiro de 1770 – Paris, 8 de Agosto de 1848), considerado o pai da ginástica francesa, mandou gravar no seu túmulo o seguinte epitáfio:

“Fundador da ginástica em França, morreu com o desgosto de não ter feito mais por ela, por causa dos obstáculos que sempre lhe levantaram.”

Carl Diem, no 2.º vol. da História de los Deportes (ed. Luís de Caralt, Barcelona, 1966), escreveu, a pp. 208:

A su muerte, acaecida a los 79 años fue enterrado en el cementerio de Montparnasse, siendo su sepulcro cuidado hasta hoy por la federación francesa de gimnasia.


Embora abandonado ao longo de um centenário, o mausoléu de Francisco Lázaro, graças à intervenção do Comité Olímpico Português, apareceu com as suas cores de origem, pelo que se afigura de justiça louvar a única instituição que se disponibilizou para honrar a morte de quem apenas tinha merecido ser homenageado em palestras e publicações de in memoriam, para esquecer o estado miserabilista em que se encontrava o mausoléu.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O debate sobre o futuro do desporto português é fundamental

Tenho procurado evitar os debates no Colectividade Desportiva.

As transformações necessárias ao desporto português são profundas e só se conquistarão em plenitude com alguma capacidade de diálogo.

Enquanto as questões não se esclarecerem há um inquinar de relações de difícil resolução.

O modelo de debate nos blogues desportivos está dificultado pelas estruturas e valores actuais.

Apenas uma capacidade de transformação comportamental poderá gerar resultados positivos.

Os agentes e parceiros estão a comportar-se de acordo com valores já conhecidos.

Observou-se no Colectividade Desportiva como houve aspectos e contributos positivos e que estes foram apropriados pela má moeda que sem olhar a limites avança imparável com protagonistas de que se esperaria atitudes exemplares.

O stress do todo conflitual afecta-nos e apenas a compreensão das nossas limitações pode colocar-nos em igualdade.

Londres 2012 foi na sua máxima abrangência uma lição de que a generalidade dos protagonistas nacionais não quer tirar lições.

Também não vale a pena anunciar o que quer que seja, restando apenas a realização de factos e projectos bem concebidos e com o máximo de alcance.

No almoço que tive hoje com um conjunto de pessoas o diálogo foi frutuoso, criativo e brincalhão sugerindo como é possível encontrar elos de futuro mesmo em pessoas que não se encontram há muito.

O potencial do nosso desporto está por realizar.

A sua realização deve ser o objectivo a alcançar.

Saiu o último n.º da revista "SB" da IAKS

IAKS specialist magazine “sb”: issue 4/2012 out now



Recreation facilities
"Transformation" is the overriding theme of "sb" 4/2012 - Recreation facilities (see index). In China a velodrome is being built on the roof of a café, and in the Czech Republic there's an equestrian hall that looks like an oversized stork's nest. In Austria a prison yard has become a very special football pitch, and in Denmark a funeral hall has been converted into a dance studio.
All these are unusual projects whose realisation is owed to the creative powers of the architects, the enterprise of the clients and the innovative capacity of the companies involved.

Obtainable as
subscription or single copy: www.sb.iaks.info

IAKS members receive the specialist magazine for free

Começam hoje os Jogos Paralímpicos mais competitivos de sempre

Segundo o Chefe de Missão, a Londres 2012, Carlos Lopes na Antena Um estes são os Jogos mais competitivos de sempre com a China, Estados Unidos, Brasil e Leste à procura de medalhas como nunca.

É questão para incentivar com um 'Vamos a eles'!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

As palavras de um jovem campeão português, as certezas da juventude


Vasco Ribeiro: “É sempre um orgulho ser apontado como o sucessor do Saca”

Nascido no seio de uma família de surfistas, desde cedo Vasco Ribeiro criou laços com o mar e aos 17 anos já é uma promessa no mundo do surf.

Com o talento e a capacidade de trabalho de Vasco Ribeiro, não tardou a que o jovem da praia da Poça, S. João do Estoril, se tornasse a mais recente esperança no mundo do surf. Com um vasto currículo desportivo, Vasquinho, como é conhecido no meio, foi campeão nacional de surf e lidera, neste momento, a Liga MEO Pro Surf 2012, tendo também conquistado o 5.º lugar numa etapa realizada na África do Sul para o circuito mundial. Vasco conta ao i como foi que a sua carreira começou e revela- -nos as suas ambições para o futuro.

Como é que o surf começou?

Tudo começou mais ou menos aos seis, sete anos, aqui mesmo na praia da Poça, com o meu pai. Na altura ele fazia surf, hoje em dia ainda faz, e eu decidi experimentar. Desde aí comecei a fazer surf aqui. Ia para a escola e, quando voltava, praticava. Fui começando a gostar mais e mais. Desde aí, nunca mais parei.

Quando é que se apercebeu de que queria seguir carreira nesta modalidade?

Quando comecei a participar em alguns campeonatos e a viajar. Do que mais gostei, e ainda gosto, foi de viajar para os campeonatos, de ir lá para fora, competir e conhecer outros sítios. Acho que foi nessa altura que me apercebi de que era isso que queria fazer e fiz tudo por tudo para o conseguir.

As viagens começaram a ser feitas com a família?

Não. Apesar de ter começado a competir fora do país por volta dos 12 anos, sempre que fui para fora foram os meus treinadores que me acompanharam; aliás, é com eles que vou quase sempre. No entanto, a minha família, agora, também já começa a acompanhar-me.

O que é que os seus pais acharam da opção? Apoiaram?

Apoiaram-me. Eles apoiam-me em todas as decisões. Os meus pais percebem porque sempre fizeram surf. Embora a minha mãe tenha deixado, continua a adorar. Por isso, sempre tive o apoio da família.

Estuda?

Não, parei no 11.º ano.

Os estudos são para continuar?

Por agora, não. Vou parar dois ou três anos para pensar no que posso fazer, porque se for para seguir carreira no surf tem de ser agora. Claro que a escola é uma prioridade e quero acabar.

Gostaria de ingressar no ensino superior?

Sim, não sei bem como, mas quando acabar o liceu vou querer ir para a universidade. Gostaria de ir para Desporto.

Acha que vai dar para conciliar a exigência da sua carreira com o curso universitário?

Não sei, mas sei que não vai ser fácil. Quem sabe se não vou deixar de surfar. Oxalá que não (risos).

Como vê a carreira de surfista profissional face à crise, uma vez que as marcas também foram afectadas? É algo que o preocupa?

As marcas, de facto, começaram a sentir isso, claro. Mas a Quiksilver está bem no meio desta crise toda. Sou patrocinado pela Quiksilver Portugal e tenho o seu apoio, mas grande parte vem lá de fora, o que acaba por ser mais fácil. Mesmo assim, acho que as marcas de surf até estão a conseguir superar bem. As pessoas continuam a comprar fatos e acessórios de surf e, pelo que sei – que também gosto de manter informado –, acho que está a correr bem.

Quais são as características que um surfista profissional deve ter para alcançar o sucesso?

Deve treinar muito, surfar, ter cuidado com a alimentação, não sair à noite… e muita força de vontade.

Não sair à noite?

Sim, uma saída à noite pode estragar uma semana inteira de treinos.

Por falar em treino, como se prepara?

Depende. Nesta altura que tenho muitos campeonatos, é só mais mar, mas sempre que tenho intervalos entre as competições faço natação, ginásio, corrida. No início do ano faço mais ginásio.

Há alguma manobra favorita?

Tubos.

E onda?

Onda… não sei. Ondas há bastantes. Já surfei ondas bastantes boas, mas acho que a minha preferida continua ser aqui [praia da Poça], porque é onde me sinto melhor, estou com a minha família e com os meus amigos. Pode não ser a melhor onda, mas é o sítio mais giro.

Qual foi a sensação de fazer um 10 no Billabong J-Bay numa etapa que ainda no ano passado fazia parte do World Tour?

Foi muito bom. Já lá tinha surfado naquela onda e o campeonato teve seis dias de ondas perfeitas. É muito difícil apanhar ondas boas porque têm sempre imensa gente. Foi, sem dúvida, o melhor campeonato da minha vida. Quando apanhei aquela onda – naquela altura não houve tempo para pensar –, surfei e as coisas correram bem. Não sabia que ia ser 10, mas sabia que ia ter uma nota muito alta.

Foi a primeira vez que recebeu um 10 directamente?

Não, já tinha recebido alguns 10, mas num campeonato assim foi a primeira vez.

O que é que o inspira?

Ver os outros a surfar… ver os que surfam melhor do que eu, ir lá para dentro e tentar superar o meu nível, dar o meu melhor e fazer coisas novas.

Como é estar dentro de água?

Sinto que me esqueço de tudo, das coisas todas cá de fora. É como se estivesse só em harmonia com o mar.

Alcança o que se chama paz de espírito…

Exactamente.

E tubarões?

É sempre uma coisa complicada. Na África do Sul há imensos, também na Austrália. Uma pessoa tenta não pensar.

O que aconteceria se aparecesse um?

Já vi duas vezes. Uma pessoa não tem reacção. Estamos dentro de água e tudo pode acontecer. É preciso manter a calma e tentar surfar. Mas às vezes é complicado, certos sítios são complicados, mas não vou deixar de surfar por isso.

Como é surfar entre os melhores do mundo?

É muito bom, uma pessoa está sempre a aprender. Vejo o que eles fazem, tento fazer como eles e tento evoluir.

Há algum surfista que admire em particular?

Não sei… Se calhar acabo por admirar mais o Kelly Slater por ser mais velho, consegue habituar-se a todas as gerações. Considero que é o surfista mais completo e acaba por surpreender tudo e todos. Mas a nível dos mais novos, tenho vários: Julian Wilson, o Medina. São surfistas que olho para eles e penso fazer como eles, porque são os melhores.

Houve algum adversário que foi o mais difícil ou são todos difíceis à sua maneira?

São todos difíceis à sua maneira. Uns numas condições mais do que outros.

Como é a relação com o Frederico Morais?

Somos os melhores amigos. Sempre que viajo para fora acabo por viajar com ele, moramos quase um ao lado do outro, portanto é uma boa relação.

Como é competir directamente contra ele?

Às vezes é complicado, é com quem gosto menos de competir. Não gosto de competir com amigos, mas é o nosso trabalho e conseguimos separar bem isso.

No ano passado esteve quase a alcançar o título europeu Pro Júnior e este ano foi vice-campeão. O que faltou para alcançar o título?

Acho que foi ter faltado àquela etapa durante o Billabong J-Bay, mas sinceramente não me arrependo nada de não ter ganho. Prefiro de longe ter ido a J-Bay e ter feito aquele 10 e fazer aquele campeonato do que propriamente ganhar o título de campeão europeu.

E isso agora é uma coisa que o preocupa ou está mais concentrado em renovar o título de campeão nacional?

Não. Agora acho que é para continuar a treinar e começar a fazer o WQS (World Qualifying Series). O título nacional é sempre uma coisa boa, gostaria de revalidar, mas neste momento ficou para segundo plano.

Os meios de comunicação já o consideram o sucessor do Saca. É algo que o preocupa?

Não. Claro que é sempre uma pressão, mais nos campeonatos nacionais, mas consigo viver bem com isso. É sempre um orgulho ser apontado como o sucessor do Saca, já que é o melhor surfista nacional. Tento dar o meu melhor.

Gostava de competir com ele no World Tour?

Claro que era sempre bom competir contra o melhor surfista português, um grande orgulho e uma oportunidade. Há-de chegar esse dia.

Gostaria de receber um wildcard (convite) para competir no Rip Curl Pro Peniche?

Era, sem dúvida, quase um sonho realizado. Seria muito bom fazer uma etapa de WCT (World Championship Tour) em Portugal, era óptimo. Mas é muito difícil porque é um campeonato da Rip Curl, por isso tenho de refazer os trials (provas de acesso), tentar ganhar e ter oportunidade de entrar.

Há uns anos, o surfista era identificado como aquela pessoa que vestia roupas de marca de surf, usava cabelo louro, etc. Identifica-se com este estereótipo?

Não, porque a roupa de marca que uso tem de ser da Quiksilver. Se for nesse aspecto, até me identifico, porque é quase uma obrigação. Mas, de resto, acho que já passou um bocado a moda. Hoje até é mais normal usar o cabelo mais curto para não fazer tanta confusão.

Ainda existe a moda do parecer surfista ou isso já deixou de existir? Quem é surfista é porque realmente gosta?

Temos as duas coisas. Há sempre aquelas pessoas que querem mesmo ser surfistas e dão o seu melhor. E depois também há aquelas pessoas que levam a prancha para a praia só para mostrar às miúdas e acham que é giro ser surfista. Acho que vai sempre continuar a haver, mas dá para diferenciar bem.

O reggae está muito associado ao surf. Concorda?

Concordo. Pessoalmente não gosto, mas acho que está bastante ligado. Há cantores de reggae que são bons surfistas.

Sobre a polémica do Ericeira Surf Camp (espaço expropriado pela autarquia), qual é a sua posição sobre o assunto?

Acho que é uma pena, porque adoro aquele espaço. É um espaço que faz parte da Ribeira D’Ilhas. Sinceramente não sei muito bem o que se está a passar. As pizas são óptimas, o bar bom, e as pessoas adoram aquele espaço que faz parte da Ribeira D’Ilhas.

Muitos surfistas fazem outras actividades. O Kelly Slater, por exemplo, joga golfe. Como se entretém nos tempos livres?

Nada de especial. Costumo ler, principalmente em viagem, corro de vez em quando (risos), estou com os meus amigos, vou ao cinema.

Qual é a próxima paragem?

Vou para Espanha, depois sigo para os Açores, depois França, Bali, etc.

DARDO ATINGE MORTALMENTE JUIZ ALEMÃO


Já aqui foi abordado este tema noutro  post, a propósito da morte do atleta sueco Bo Larsson que, numa corrida de estafetas realizada no Estádio Johanneshov de Estocolmo, foi atingido acidentalmente por um dardo, em 29.08.1959.

Agora somos surpreendidos pelo mesmo acidente, também em Agosto, decorridos 54 anos, mas o atingido foi um juiz alemão de atletismo, no decorrer de provas, em Dusseldorf.

Parece, pelas Tetralogias de Antifão, que casos idênticos não teriam ocorrido nas provas atléticas gregas, mas não deixa de surpreender ter Antifão antecipado, nas aulas de direito desportivo, como virtualmente possíveis, para um pleito litigioso entre, por exemplo, os pais de um lançador infeliz, e os pais do atleta supostamente atingido mortalmente.

A quem o tema interessar remete-se para o post indicado na primeira linh do primeiro parágrafo.



domingo, 26 de agosto de 2012

O que diz uma dupla medalhada da natação espanhola


Está no site do Conselho Superior do Desporto de Espanha.

Mireia Belmonte disse: ‘disfrutar de lo que haces, trabajar duro y nunca poner-se limites’

A ideia que ficou de muitas participações portuguesas foi o existirem limites!

sábado, 25 de agosto de 2012

Para compreender como funciona a economia financeira, segundo Juan José Millás

O artigo saiu no El Pays e foi republicado no Dinheiro Vivo de ontem

Hoje o  Dinheiro Vivo publica uma entrevista ao autor do texto

Há outros artigos com interesse sobre esta matéria no Dinheiro Vivo como o editorial.

O cano de uma pistola pelo cu

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.

Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.

Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.

Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Euforia olímpica em Tóquio


Retirado do jornal Público
Cerca de 500 mil pessoas juntaram-se nas ruas de Tóquio para homenagear os medalhados olímpicos do Japão, que teve em Londres a sua melhor participação olímpica de sempre: sete medalhas de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Foto: Kyodo/Reuters


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Disse-o o principal líder do associativismo desportivo português

O sistema desportivo português é obsoleto.

Foi das frases, senão a mais importante, mas das mais importantes que foram ditas por um líder do associativismo desportivo.

Será que o associativismo desportivo português vai conseguir retirar as completas ilações desta afirmação tão importante?

Ou talvez se possa colocar de outra forma mais tentativa: Que ilações tira o associativismo desportivo português desta afirmação?

O desporto escolar tem sido injustamente avaliado

O desporto escolar actual tem resultados que não tendo sido desenvolvidos e sistematizados técnica, económica e socialmente deixam uma imagem que não parece verdadeira.

O desporto escolar é uma parte da solução dos desafios do desporto português.

Há uma imagem a reconsiderar em diferentes latitudes.

O produto do DE tem sido aproveitado?

O benefício desse bom trabalho por pouco que seja tem sido internalizado?

Que instituições beneficiam do bom trabalho do DE?

Quais os parceiros que deveriam fomentar a disseminação das boas práticas?

Não creio que estas perguntas atinjam a honra de ninguém e elas sugerem outras formas de fomento do desporto escolar.

Há certamente outras boas perguntas para serem respondidas! Vamos a elas?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A análise económica de Londres 2012

Stefan Szymanski é um dos melhores economistas europeus de desporto e faz aqui com Mogens Kirkeby uma análise económica rápida à problemática dos Jogos Olímpicos e de Londres e da política britânica em particular.

Participei em sessões de trabalho e conferências com Stefan Szymanski ao longo dos últimos 20 anos e é patente o seu posicionamento crítico dos Jogos Olímpicos mesmo para um país como o Reino Unido.

Se uma questão se pode dizer sobre o seu posicionamento é que Szymanski se coloca do lado do mercado privado, da iniciativa dos parceiros privados e tem uma enorme relutância na aceitação da intervenção do Estado.

Estamos portanto com um economista acima de qualquer suspeita de fazer uma crítica 'de esquerda' aos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Aqui fica o texto e o link, que mão amiga me fez chegar, para consideração de tantas pessoas que em Portugal promovem eventos e mega-eventos com motivos equivalentes àqueles que foram dados aos governantes britânicos para a realização dos seus Jogos.

Vicente Moura é a face visível da liderança do associativismo desportivo

É o estado da alma, das coisas que se podem pensar mas nem sempre se deverão dizer.

Estou à vontade, não concordarei com muito do que VM diz ou faz.

Vejo que ele avança quando diz que o SDP, sistema desportivo português, é obsoleto.

Uma coisa é ser obrigado a lutar de costas para a parede, encurralado que está.

A outra situação é avançar para fazer coisas diferentes do que fez no passado.

Estou convicto que pessoalmente é-lhe uma impossibilidade.

Há outro factor a considerar.

Ele dá a cara e o conjunto das suas posições e contradições é o respirar de toda a estrutura de liderança do desporto português que simultaneamente se despe.

Ele foi encostado à parede pelos resultados que se sabiam ir acontecer e só nessa situação foi obrigado a dizer que o SDP estava ou é obsoleto.

O debate público antes das eleições sobre o futuro do desporto não se fará porque é a estrutura de liderança rentista e acomodada à mediocridade que o impede materialmente (algumas das minhas palavras poderão ser duras. Mas não vejo outra forma de expressar estas ideias).

Ora, esta estrutura de liderança não está encostada à parede.

A sua experiência ensinou-a a fazer avançar 'peões' ou 'testas de ferro' que usa. Sem expor o seu núcleo de actuação clássica.

É relevante que se procure compreender como age esta estrutura de liderança para compreender que estruturas alternativas podem ser criadas visando um futuro na média europeia.

Há todo um processo para descascar esta estrutura que amarra o desporto português ao oblívio europeu.

Uma das conclusões de Londres é que estamos sós no contexto do desporto europeu.

Nunca estivemos tão isolados como hoje em Agosto de 2012 e estamos a cair sem remissão.

Este é um novo momento do desporto português em que são necessárias pessoas com coragem.

O problema de se deixar encostar à parede é que as soluções encontradas depois são frágeis.

Esse tem sido o nosso fado desportivo!

Não tem sido assim? Nunca conseguir assumir como faz a Europa?

Francisco Sobral e Vicente Moura

Vicente Moura na televisão defendeu que no tempo da Mocidade Portuguesa existiam dois dias dedicados ao desporto, não ouvi na peça a que assisti ele referir-se aos resultados olímpicos de antes do 25 de Abril de 1974.

Francisco Sobral demonstra no blogue Colectividade Desportiva que os resultados olímpicos conseguidos por Portugal se deveram muito pouco à MP.

A sua demonstração é cabal assente em factos e é muito útil para identificar melhor o que foi o contributo da MP para o desporto nacional.

Talvez face aos dois contributos se aceite que a MP esteve ligada ao desenvolvimento da alfabetização da população portuguesa no pós-guerra.

Por pouco que tenha sido a parte da população beneficiada com esse fomento veio depois a ter todo um apoio adicional depois de 1974 com as políticas de Melo de Carvalho e que depois foram descontinuadas para focalização crescente no topo até aos dias de hoje.

É este tipo de debate que o COP deveria incentivar, dando liberdade de palavra à sociedade desportiva tomada em sentido amplo.

Vamos a isso?

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Quem poderia participar nos debates potenciados pelo COP sobre o futuro do desporto

Para começar e sem falsas modéstias eu gostaria de participar mas mais importante seria ouvir o capital científico, técnico e de liderança que Portugal já possui no seu sistema desportivo.

Recentemente o Governo fez no Museu do Desporto um debate sobre Francisco Lázaro onde falaram técnicos e investigadores vários.

Hoje é possível ver no Colectividade Desportiva Gustavo Pires e julgo ser Pedro Cardoso a falarem sobre o mesmo tema com o capital científico que um e outro possuem.

O próprio CD tem pessoas com contributos válidos para o futuro quer como ex e actuais responsáveis públicos quer conhecedores profundos do desporto português.

Há pessoas que iriam dizer loucuras? E depois é isso a democracia, não é? A virtualidade da democracia é que quando aplicada a solução gerada é superior à de outros processos de consensualização dos rumos sociais.

Não será um Congresso que sugiro mas a possibilidade do COP, através do seu presidente, agilizar debates na sociedade onde se debata o futuro do desporto português, o lugar das instituições, as novas funções a criar, instrumentos a desenvolver, quer os relacionados com a produção desportiva quer os dedicados à avaliação dos resultados e à correcção das trajectórias.

Os debates sobre a ciência e a técnica do Desporto são escassos e são prejudicados pela forma como foram realizados no passado.

Correndo bem o lançamento da iniciativa a curto prazo, a sociedade desportiva deveria ter condições de manter este debate, isto independentemente do COP e os candidatos a presidente em 2013 se passarem a dedicar mais às eleições propriamente ditas.

Há cientistas e técnicos, líderes e fazedores de opinião capazes de sustentar um debate profícuo para o nosso futuro.

Este é um passo que não fica confinado ao procedimento do passado e que tendo sido feito esporadicamente, feito agora, depois de Londres e antes do Rio de Janeiro, opinaria que faz todo o sentido.

Não faz?

Ajudar Vicente Moura!

Já aqui tentei ajudar Vicente Moura e Laurentino Dias pelo menos a não prejudicarem aquilo que acordam com o que dizem e que os podia afectar negativamente, por exemplo, junto dos órgãos de fiscalização do Estado.

Agora para Vicente Moura houve a oportunidade de se justificar publicamente da performance pouco ambiciosa de Portugal em Londres 2012 e desdobrou-se em afirmações nos órgãos de comunicação social.

Como já sugeri creio que as palavras de Vicente Moura prejudicam-no mas mais relevante é que podem prejudicar muito mais as federações que dependem da sua boa governação para produzirem mais e melhor desporto.

Sugeri que VM se concentrasse em preparar as eleições para eleger o seu melhor sucessor.

Há um projecto que VM pode fazer.

VM pode organizar até ao fim do ano alguns debates sobre o futuro do desporto português e convidar para isso oradores com competência reconhecida na sociedade portuguesa e conhecidos também pela sua independência.

A apresentação de ideias de reforma do desporto apresentaria novas ideias de uma pluralidade de investigadores, líderes de opinião e de organizações e instituições.

Este debate aproveitaria ao apuramento de melhores soluções dentro dos corpos olímpicos para formar uma nova opinião e delinear possíveis consensos em novas hipóteses não consideradas até agora ou a reforçar algumas do passado já debatidas mas que careceram de alguma coisa para gerarem um maior sucesso.

Compreende-se que os corpos olímpicos são todas aquelas organizações que integram o COP mas igualmente outras que dele dependem indirectamente. Sem identificar parceiros o que contará é o debate pela sociedade desportiva e olímpica do futuro do desporto português.

Os candidatos poderiam aí ou intervir, ou ouvir e mais tarde intervir nos debates internos.

Foi prometido pelo Governo fazer debates no Museu do Desporto no Palácio Foz.

Caso o COP faça debates na sua sede isso irá melhorar as hipóteses de veicular ideias do ponto de vista do associativismo desportivo privado, se se compreender que a preocupação do Estado será fazer debates sobre o interesse da administração pública.

Como sugeri anteriormente é possível a VM fazer coisas muito importantes alternativas às que fez no passado mas que serão fundamentais para a eleição do melhor novo líder para o associativismo desportivo português.

Outra questão que pode ser levantada é o tempo que é pouco.

Concordo em que o desporto tem perdido muito tempo e também não valoriza o debate com a sociedade desportiva. Essa é uma das suas debilidades.

Por outro lado, o debate pode ter muitas iniciativas em faculdades e em clubes de debate, por exemplo, para isso era necessário que o COP assumisse um lugar de destaque no incentivo dos debates e das condições da participação plural da sociedade desportiva. O que quer que ela seja.

Com uma iniciativa deste género VM nem necessitará de falar mas todos saberão que foi ele o impulsionador deste contributo fundamental para a melhor eleição do presidente do COP em 2013.

Como equacionar o futuro?

É a questão que em Portugal não tem colocado bem.

Talvez a área que melhor expressa as limitações seja a da economia.

Vicente Moura disse recentemente muitas coisas e entre elas que as federações poderiam ser menos.

Ora estas palavras ditas pelo principal líder associativo desportivo dizem aos decisores públicos que as federações concordam e propõem cortar as federações com acesso ao financiamento público.

Esta interpretação pode ser errada e não corresponder às possibilidades reais do associativismo desportivo.

Contudo, as palavras limitativas das federações foram ditas pelo principal líder desportivo.

Há que conceber também que é aceitável que Vicente Moura fale se tiver o apoio das federações, representando as suas palavras, a política desportiva na perspectiva do associativismo desportivo.

O momento actual sendo tão sensível para o futuro do desporto deveria promover a criação de soluções para o futuro  por parte de agentes com uma inequívoca legitimidade de liderança desportiva.

Neste momento por exemplo as palavras ditas por VM parecem corresponder à defesa do seu passado.

O silêncio da massa associativa não quer dizer que a posição do associativismo desportivo seja diminuir o número de federações desportivas.

Como equacionar publicamente o futuro?

Qual é o âmago do futuro português que vai condicionar o novo edifício institucional?

Haverá mais do que uma sugestão e uma estrutura de debate consensual criará uma melhor solução.

Como se viu até hoje, através do indicador sintético de Londres 2012 o preferido por VM que apenas agora fala de obsoletismo, a estrutura de debate do passado e a vigente está como que 'cheia de lacunas'.

As lacunas são a ausência de uma estrutura de resultados desportivos de nível europeu, a ausência de causas aceites por todos sobre o que se está a passar, a ausência de análises independentes e competentes, a ausência de estruturas e órgãos com trabalho reconhecido no desporto, a ausência de um líder ou de um conjunto de líderes conhecidos fora do desporto e capazes de mobilizar a economia e a sociedade para o desenvolvimento em direcção à Europa do desporto português.

A dificuldade maior é a recusa de aceitar e assumir que a resposta para um futuro viável para o desporto português é necessariamente complexa.

Paro por aqui.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os Jogos Olímpicos noutros blogues 2

O blogue Jugular faz uma relação interessante entre o Desporto Escolar e a Mocidade Portugesa tão glosada agora pelo líder do associativismo desportivo português.

Os Jogos Olímpicos noutros blogues 1

O blogue 31 da Armada apresentou um poste sobre declarações do presidente do COP aqui.

O blogue O Gato Maltês apresenta aqui considerações sobre a missão olímpica.

O blogue Karate-do faz o rescaldo de Londres 2012.

O PCP e Londres 2012

O PCP apresentou a sua posição sobre Londres 2012 aqui.

Os partidos com assento parlamentar são elementos fundamentais da competitividade do desporto português.

Não se tem conhecimento de outros partidos terem assumido uma posição sobre os Jogos de Londres 2012.

Aguardemos que o assumir de uma posição de cidadania sobre o desporto faça parte das responsabilidades  dos restantes partidos.

Agradeço à mão amiga que me fez chegar esta posição.

Les jeux sont faits, o filme

O filme pode ser visto no youtube aqui

Agora que é Verão há um pouco mais de tempo e para mim rever o filme mostrou-me como de facto a proposta de Jean Paul Sartre é que depois de feitas as coisas não há que procurar repeti-las porque estamos intrinsecamente ligados ao nosso passado.

O futuro do desporto português é uma equação sensível que nunca soubemos equacionar bem em 40 anos.

Criar as condições para uma nova equipa no COP é uma tarefa imensa e sensível.

No Estado, no associativismo e nas empresas desportivas as resposta urgem de liberdade de debate, de condições de democracia, de transparência, de profundidade, de capacidade técnica e de ciência.

No passado estes factores foram insuficientemente desenvolvidos.

Criar equipas de liderança pode ser contar espingardas e deve ser também criar um novo capital de governança.

Os jogos já foram bem feitos por outros países mais avançados.

Os jogos bem feitos não estão feitos no Sistema Desportivo Português.

O sistema desportivo português é obsoleto! diz VM. Será?

Vicente Moura foi eleito pelos seus pares durante quase duas décadas e recentemente está presente em todas as iniciativas do Estado e face às suas palavras deixa uma perplexidade.

A nomeação de VM para estes cargos pelos seus iguais e pelos Governos é obsoleto?

É isto que VM quer dizer?

O objecto a quem VM aplica o adjectivo obsoleto é diferente do da sua nomeação.

Contudo ao maximizar a sua apreciação, o obsoletismo do SDP, para alcançar o máximo efeito mediático o percalço surge questionando a bondade da sua relevância pessoal.

O sistema é obsoleto salvo na nomeação de VM e da sua presença para tudo.

Chegados aqui há que perguntar então em que ponto nos encontramos?

O problema do obsoletismo coloca-se na necessidade de existência da capacidade estrutural da avaliação do sistema desportivo português (SDP).

VM não chega aqui.

VM sabe que o COP é apenas para o alto rendimento, o COP precisa de um secretário-geral, controla os dinheiros para os treinadores, vai fazer o novo protocolo que vai vigorar durante os próximos 4 anos e depois VM vai-se embora.

Não se percebe a pressa de fazer o protocolo.

Onde é que está escrito que tem de fazer o protocolo no primeiro ano da olimpíada e não no segundo desde que as actividades e funções que estão em curso se mantenham?

A actual emergência não é resultado da sua actuação no passado?

Porquê não dar tempo para o desporto respirar e conceber um novo sistema?

Porquê a pressa do Rio de Janeiro agora?

Se havia essa pressa, porque é que em 2008 VM como líder do associativismo desportivo decidiu não sair para que Portugal com outro líder, outro programa e outro sistema pudesse gerar os melhores resultados com atletas portugueses e não ter de recorrer à imigração?

O obsoletismo do desporto português está na nomeação dos seus líderes e do funcionamento das suas instituições que não possuem mecanismos de democraticidade, de eficiência económica e de casamento com a sociedade portuguesa de uma forma equivalente à criada pelos britânicos em Londres 2012.

O obsoletismo do desporto português é VM não se compreender como parte do problema, nem ter havido desde há muito mecanismos que ajudem novos dirigentes do desporto a assumir a liderança.

Ontem na TVI24 o jornalista perguntava se o Chefe de Missão podia ser presidente do COP. Podia, disse VM, mas etc, etc, e liquidou ali mesmo a possível candidatura.

Teria sido curioso o jornalista continuar a perguntar-lhe por outros nomes de possíveis candidatos e ver VM a liquidá-los a todos.

Nada tenho contra ou a favor VM, desde há muitas legislaturas e ciclos olímpicos tenho indicado as limitações que se tornaram cada vez mais profundas da sua actuação como líder do desporto português.

O SDP necessita de uma transformação profunda e de inovação para assumir as médias europeias.

Estes objectivos são alcançáveis e há potencialidade nacional para lá chegar.


Alguém próximo de VM deveria fazer-lhe uma leitura descomprometida da realidade desportiva nacional.

  • VM deveria calar-se! 
  • As palavras de VM são ruído! 
  • VM é parte do problema do obsoletismo do SDP!
  • VM tem apenas de fazer uma única coisa!
  • VM tem de criar condições de democracia e transparência para eleger o melhor presidente para o COP!
  • A bem do desporto e do olimpismo português, VM não precisa falar!
  • Há outros responsáveis que têm de assumir o ajustamento estrutural do desporto português à média europeia!
  • O lugar de VM no futuro do desporto português depende dos responsáveis do desporto português!
  • Nesta fase: Les jeux sont faits! disse Sartre.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pequim foi a oportunidade perdida claramente mais próxima

Há um fio condutor nos fracassos continuados do desporto português desde os anos 70 do século passado.

Já passaram 12 anos do novo século e, contudo, não há forma de produzir desporto segundo a média europeia.

Esta limitação é um facto de longo prazo.

São quase 40 anos sem conseguir tomar a produção desportiva nacional e forçá-la politicamente a cruzar a média europeia em cada um dos segmentos desportivos.

O sucesso do futebol consegue-se pela concentração de recursos, concentração essa que torna raros os recursos aplicados noutros segmentos. A situação não deve ser vista como a do eucalipto poruqe os restantes sectores adaptaram-se à escassez de atenção e oportunidades e são ela próprias impeditivas do seu sucesso.

Mimetiza-se o futebol e impede-se a sua própria sobrevivência.

Os erros da governança no futebol são replicados nas outras actividades.

Enquanto o primeiro goza de abundância de recursos para o desperdício as restantes actividades suicidam-se ao copiar processos.

As palavras de Vicente Moura

'"É preciso começarmos a trabalhar já num novo protocolo tendo em vista os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016", alerta, deixando propostas para todo o funcionamento da estrutura nacional ganhe eficácia: "Devemos pagar diretamente aos treinadores e não à federação, para evitar situações como a que aconteceu no remo; as bolsas das esperanças olímpicas devem ser revistas; as federação necessitam de uma política de maior exigência; o COP deve ficar apenas com o desporto de excelência, controlando a ação de todas as federações; e devemos colocar em prática um programa de deteção de talentos".
Para isso, Vicente Moura ressalva também a necessidade de criação de um novo cargo, o de diretor-geral do COP, não só para estabelecer todas as ligações na teia desportiva mas também para evitar que seja apenas uma pessoa, neste caso o presidente, a dar sempre a cara.' Ler mais aqui. 

Independentemente da bondade destas palavras o relevante seria compreender a estrutura de diálogo e debate para o futuro do desporto português. Onde e como é possível ouvir outras propostas para além destas tão importantes como saber como são pagos fulanos e beltranos.

Outra questão que se infere ser importante nas palavras proferidas é o lugar de Secretário-Geral para não ter de ser sempre o Presidente a dar a cara. Isto foi o passado ou é o condicionamento para o futuro?

Nelson Évora estará errado

Numa entrevista ao DN parece que as políticas desportivas mudam com a mudança dos governos.

Pode não ser assim e depois os atletas por ganharem medalhas de ouro não significa que tenham as soluções  correctas ou que estas surjam das palavras daqueles que chegam à comunicação social.

Esta atenção da comunicação social aos líderes desportivos do não-futebol e dos atletas de medalhas olímpicas vai passar tanto mais que eles são cada vez menos e estão afastados das estruturas de governança desportiva que fazem a modernidade europeia.

«Rio de Janeiro é já amanhã», lembra chefe de Missão Olímpica

Esta é a mesma maneira do presidente do COP propor o debate de curto prazo.

É a maneira tradicional como se pensa e age no desporto em Portugal.

Uma outra forma distintiva é colocar em primeiro lugar as questões para o futuro depois do Rio de Janeiro em 2016, para 2020 e para 2024.

Perdem-se anos sobre anos com a defesa das rendas e rodrigos e rodriguinhos que sustentam a incompetência, destroem atletas e envergonham o país em discussões vazias de sentido como aquelas que se assistem e vão assistir nos próximos dias na comunicação social.

'O sistema desportivo português é obsoleto'. Estas palavras 'já vêm tarde'? Ou talvez não?

Pode não parecer mas 17 anos é muito tempo. (ver artigo do Expresso)

Poderia ter sido feito tudo, poderia ter visto que tinha errado e emendado a mão correndo o risco e assumindo a honra de reformar o desporto.

17 anos é muito tempo.

Nunca o fez.

Pelo menos, a sua liderança e daqueles com quem trabalhou destruiu um talento raro como Vanessa Fernandes.

Como não existem estudos sobram as suas palavras e elas mostram que existe a consciência que não se levou o desporto e o alto rendimento aos jovens portugueses e mais ainda àqueles com potencial.

São as palavras dos líderes que demonstram as profundas limitações do seu período de liderança.

Obviamente não esteve sozinho. Criado o deserto oferece-se como salvador para fazer 'o que não o deixaram fazer' atira para quem o houve.

Sugere que pode ser Ministro do Desporto. Fala em politiquês: Agarrem-me senão sou Ministro do Desporto.

Que melhor Ministro do Desporto a pessoa que permitiu a criação de rendas individuais para tanta gente, incluindo as suas rendas, as manteve e destruiu com essa forma de actuar várias gerações de talento desportivo português.

Atira-se ao máximo, ser ministro, para conseguir a sinecura, o emprego rendoso e de pouco ou nenhum trabalho, a medalha dada pela Presidência da República, o reconhecimento para manter a vacuidade que entreteve a comunicação social que, reverente e paga para isso, bebe as suas palavras, estas, como as de sempre.

Mas espera contaminar ao máximo o próximo ciclo olímpico 'não cedo o poder a ninguém até 2013' e os dinheiros devem ser 'assim e assado'.

17 anos de desperdício não são suficientes.

No seu melhor e com sorte, a verdadeira sorte que lhe tem dado as mãos, em 2013 poderá continuar a navegar como fez estes anos no poder máximo do desporto português.

A compra e a venda, o calculismo, a cobardia ou a incompetência de outros são o poder do líder do desporto português.

O desporto português funciona bem para aquilo que os líderes desportivos concordam em que ele seja. O desporto português não é obsoleto para estas pessoas e para aquilo que o país aceita dar 15 milhões de euros por 4 anos para assegurar a viagemzita e a festa na inauguração dos Jogos Olímpicos.

As palavras que dizem que 'o sistema desportivo português é obsoleto' são erradas, como as de sempre.

O sistema desportivo funciona bem: há uma despesa pública que se sabe onde é aplicada e que se sabe quais vão ser os resultados. Antes de Pequim havia uma expectativa que não se concretizou mas depois de Pequim deixou de haver cada vez mais dúvidas que Londres 2012 ia ser assim.

O problema do desporto português é de Ética e governança das instituições.

Mas disto também os líderes em funções sabem mais do que todos os outros...

Há dúvidas (olímpicas)?

Análise às medalhas de Portugal

O Público tem uma análise razoável que pode ser vista aqui.

A comparação com a população e medalhas de outros países é um método aceitável que o artigo realiza.

As declarações do líder do associativismo desportivo português

Ver aqui no Público

As afirmações são coerentes com os resultados materiais da alta roda do desporto olímpico português de todo o período que decorre desde 2000 em que se confundiu muito e estiveram em funcionamento más instituições de liderança e de governança do desporto português.

domingo, 12 de agosto de 2012

Jogos Olímpicos de Londres 2012, Quadro final de medalhas

Retirado da BBC às 20,00 horas de 12 de Agosto.

Ordem
País 1 2 3 Total
1 United States  46 29 29 104
2 China  38 27 22 87
3 Great Britain & N. Ireland  29 17 19 65
4 Russian Federation  24 25 33 82
5 South Korea  13 8 7 28
6 Germany  11 19 14 44
7 France  11 11 12 34
8 Italy  8 9 11 28
9 Hungary  8 4 5 17
10 Australia  7 16 12 35
11 Japan  7 14 17 38
12 Kazakhstan  7 1 5 13
13 Netherlands  6 6 8 20
14 Ukraine  6 5 9 20
15 Cuba  5 3 6 14
16 New Zealand  5 3 5 13
17 Iran  4 5 3 12
18 Jamaica  4 4 4 12
19 Czech Republic  4 3 3 10
20 North Korea  4 0 2 6
21 Spain  3 10 4 17
22 Brazil  3 5 9 17
23
Belarus  3 5 5 13
24 South Africa  3 2 1 6
25 Ethiopia  3 1 3 7
26 Croatia  3 1 2 6
27 Romania  2 5 2 9
28 Kenya  2 4 5 11
29 Denmark  2 4 3 9
30 Poland  2 2 6 10
31 Azerbaijan  2 2 6 10
32 Turkey  2 2 1 5
33 Switzerland  2 2 0 4
34 Lithuania  2 1 2 5
35 Norway  2 1 1 4
36 Canada  1 5 12 18
37 Sweden  1 4 3 8
38 Colombia  1 3 4 8
39 Georgia  1 3 3 7
40 Mexico  1 3 3 7
41 Ireland  1 1 3 5
42 Slovenia  1 1 2 4
43 Serbia  1 1 2 4
44 Argentina  1 1 2 4
45 Tunisia  1 1 1 3
46 Dominican Republic  1 1 0 2
47
Trinidad and Tobago  1 0 3 4
48 Uzbekistan  1 0 3 4
49 Latvia  1 0 1 2
50 Algeria  1 0 0 1
51 Bahamas  1 0 0 1
52 Uganda  1 0 0 1
53 Venezuela  1 0 0 1
54 Grenada  1 0 0 1
55 India  0 2 4 6
56 Mongolia  0 2 3 5
57 Thailand  0 2 1 3
58 Egypt  0 2 0 2
59 Slovakia  0 1 3 4
60 Armenia  0 1 2 3
61 Belgium  0 1 2 3
62 Finland  0 1 2 3
63 Chinese Taipei  0 1 1 2
64 Estonia  0 1 1 2
65 Malaysia  0 1 1 2
66 Bulgaria  0 1 1 2
67 Puerto Rico  0 1 1 2
68
Indonesia  0 1 1 2
69 Portugal  0 1 0 1
70 Montenegro  0 1 0 1
71 Botswana  0 1 0 1
72 Cyprus  0 1 0 1
73 Guatemala  0 1 0 1
74 Gabon  0 1 0 1
75 Moldova  0 0 2 2
76 Qatar  0 0 2 2
77 Singapore  0 0 2 2
78 Greece  0 0 2 2
79 Morocco  0 0 1 1
80 Saudi Arabia  0 0 1 1
81 Kuwait  0 0 1 1
82 Bahrain  0 0 1 1
83 Afghanistan  0 0 1 1
84 Tajikistan  0 0 1 1
85 Hong Kong  0 0 1 1