- Durante as legislaturas passadas houve estudos e análises económicas e houve pensamentos económicos por parte dos decisores de política desportiva.
- Há e houve actos económicos mas faltou o qualificativo da eficiência económica.
O que diz a teoria económica:
- A economia aceita e propõe que o agente é soberano na sua actuação no mercado actuando com eficiência o que beneficia o seu próprio interesse, desde Adam Smith.
- Mas a economia também diz que os agentes privados que actuam no mercado falham decisões e são irracionais e que para isso devem existir políticas públicas para as corrigir, segundo Pigou.
- Num terceiro momento, Coase refere que os decisores e as políticas públicas também falham e que há possibilidades de racionalidade que o Estado deve deixar ao mercado resolver, definindo bem os direitos de propriedade.
Discussão:
- A afirmação de José Pinto Correia de que não existe uma economia do desporto compreende-se mas o que efectivamente acontece é que a economia sempre existiu no desporto português apesar dos seus erros e fracassos.
- São estes erros e fracassos privados e públicos em que se fundamenta José Pinto Correia para a sua afirmação.
Catedrais no deserto:
- O caso particular do atletismo comentado por anónimos no mesmo poste é um caso típico da teoria económica tipificado pelo investimento em "catedrais no deserto" as quais após o momento inicial geram impactos nulos no desenvolvimento das regiões e das populações.
- O decisor de política desportiva português aceita enterrar milhões de euros em infra-estruturas cuja fundamentação é o curto prazo e o benefício eleitoral de decisores públicos centrais e locais.
A realidade económica é mais complexa do que a mera afirmação de que não existe economia deixa antever:
- Muitos investimentos em desporto são sustentados por estudos económicos que nem sempre acertam bem nas propostas de eficiência que fazem.
- As causas podem ser muitas, desde a carência de estudos e informação anterior com qualidade, as quais podem induzir em erros de decisão pública e privada.
- Outros problemas relacionam-se com a captura dos economistas que se predispõem a satisfazer o interesse do decisor, não lhes sendo garantida a independência para realizar um estudo ou análise competente.
- Estes problemas sugerem que no passado os erros poderão ter existido por parte dos decisores e também por parte dos economistas, eles próprios capazes de cometer erros.
- Estas dificuldades são patentes na situação do país.
- Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa falava da culpa dos economistas e dos engenheiros.
- Tudo bem se não se pensar que entre a profissão e o exercício da função de político vai uma distância grande que, por exemplo, os exemplos de inúmeros juristas com grandes contas na Justiça ou de incompetência nos cargos assumidos lança a dúvida sobre os princípios que regem a profissão.
- Estamos no último lugar desportivo europeu porque a economia e o direito e outras matérias do conhecimento que se fazem no desporto são de fraca qualidade.
- E todas essas matérias existem no desporto português mesmo que os seus melhores profissionais sejam afastados da decisão de política desportiva.
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