segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desporto e Economia

Estas duas frases são para concordar em discordar do poste de José Pinto Correia no Colectividade Desportiva de  21 de Outubro:
  1. Durante as legislaturas passadas houve estudos e análises económicas e houve pensamentos económicos por parte dos decisores de política desportiva. 
  2. Há e houve actos económicos mas faltou o qualificativo da eficiência económica. 

O que diz a teoria económica:
  1. A economia aceita e propõe que o agente é soberano na sua actuação no mercado actuando com eficiência o que beneficia o seu próprio interesse, desde Adam Smith.
  2. Mas a economia também diz que os agentes privados que actuam no mercado falham decisões e são irracionais e que para isso devem existir políticas públicas para as corrigir, segundo Pigou.
  3. Num terceiro momento, Coase refere que os decisores e as políticas públicas também falham e que há possibilidades de racionalidade que o Estado deve deixar ao mercado resolver, definindo bem os direitos de propriedade.

Discussão:
  1. A afirmação de José Pinto Correia de que não existe uma economia do desporto compreende-se mas o que efectivamente acontece é que a economia sempre existiu no desporto português apesar dos seus erros e fracassos.
  2. São estes erros e fracassos privados e públicos em que se fundamenta José Pinto Correia para a sua afirmação.

Catedrais no deserto:
  1. O caso particular do atletismo comentado por anónimos no mesmo poste é um caso típico da teoria económica tipificado pelo investimento em "catedrais no deserto" as quais após o momento inicial geram impactos nulos no desenvolvimento das regiões e das populações.
  2. O decisor de política desportiva português aceita enterrar milhões de euros em infra-estruturas cuja fundamentação é o curto prazo e o benefício eleitoral de decisores públicos centrais e locais.

A realidade económica é mais complexa do que a mera afirmação de que não existe economia deixa antever:
  1. Muitos investimentos em desporto são sustentados por estudos económicos que nem sempre acertam bem nas propostas de eficiência que fazem.
  2. As causas podem ser muitas, desde a carência de estudos e informação anterior com qualidade, as quais podem induzir em erros de decisão pública e privada.
  3. Outros problemas relacionam-se com a captura dos economistas que se predispõem a satisfazer o interesse do decisor, não lhes sendo garantida a independência para realizar um estudo ou análise competente.

A culpa dos economistas e dos engenheiros:
  1. Estes problemas sugerem que no passado os erros poderão ter existido por parte dos decisores e também por parte dos economistas, eles próprios capazes de cometer erros.
  2. Estas dificuldades são patentes na situação do país.
  3. Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa falava da culpa dos economistas e dos engenheiros.
  4. Tudo bem se não se pensar que entre a profissão e o exercício da função de político vai uma distância grande que, por exemplo, os exemplos de inúmeros juristas com grandes contas na Justiça ou de incompetência nos cargos assumidos lança a dúvida sobre os princípios que regem a profissão. 
  5. Estamos no último lugar desportivo europeu porque a economia e o direito e outras matérias do conhecimento que se fazem no desporto são de fraca qualidade. 
  6. E todas essas matérias existem no desporto português mesmo que os seus melhores profissionais sejam afastados da decisão de política desportiva.

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