sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Não deitar fora a criança com a água do banho

Os três estudos do futebol profissional geraram um surto de críticas fortes nos órgãos de comunicação social, como o jornal Record e a revista Sábado, e que são úteis e devem ser analisados com atenção.

Por exemplo, o estudo da arbitragem apresenta uma posição jurídica útil e também insuficiente.

Parece insuficiente porque a constituição do grupo de trabalho ao conter apenas juristas e líderes desportivos condicionou as soluções que enriqueceriam a resposta de política desportiva.

Esse terá sido infelizmente o objectivo de política pública ao enformar apenas a resposta jurídica.

Tanto a arbitragem como as outras áreas tratadas exigem respostas complexas de outras áreas e necessitam de doutrina, de um paradigma que tarda a aparecer na presente legislatura e de espaços de debate.


Há que compreender também que a realização do estudo económico da arbitragem permite quantificar o impacto das decisões políticas não eficientes ou inexistentes como foi o caso de empurrar o problema para um espaço nebuloso de intenções vagas e não confessadas.

O mesmo acontece quando uma federação se propõe realizar determinado objectivo que coloca ao Estado e este recusa e corta uma percentagem significativa de regulação pública sem uma explicação cabal e sem medidas alternativas de sustentação de um objectivo de desenvolvimento sustentado para a modalidade.

Esta situação foi comum às modalidades e ao longo de décadas sem a melhoria da capacidade do Estado de qualificar a sua intervenção plural e estabilizadora de um futuro promissor para o sector.

Sem estudos económicos e sociais as federações perdem dinheiro, perdem apoios, perdem praticantes, perdem vitórias no alto rendimento, perdem uma relação qualificada com parceiros empresariais e muitas vezes envolvem-se em aventuras ou que colocam as suas direcções em dificuldades ou fazem perder margens negociais e de crescimento do seu negócio que se revelam a prazo significativas.


A opção nacional de cortar estudos socíológicos, económicos e de gestão está a matar o desporto português e esta legislatura comporta-se à imagem das opções da legislatura anterior copiando tiques e gestos de política desportiva que prejudicam o desporto português.

Há necessidade de mais estudos, de maior complexidade e de maior diversidade de conhecimento elevado nos grupos de trabalho formados.

O medo político é corrente no desporto português e afinal a incapacidade de formar grupos plurais de conhecimento desportivo é do decisor e não dos líderes dos grupos de trabalho que aceitaram a decisão.

É pouco provável que José Luís Arnaut, Leal Amado ou Paulo Cunha tivessem receio da constituição do respectivo grupo de trabalho.

O medo, o erro da opção univoca está noutro nível, está na decisão de política desportiva.


Face a esta fragilidade é natural que a opinião pública se atire violentamente aos estudos para preservação do sacrossanto livre arbítrio de contratar tudo o que a maior liberalidade quiser.

Os estudos devem ser preservados nos seus resultados positivos e outros estudos devem continuar a ser realizados.

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