terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O PROIDD foi feito em 1990

I
Chamou-se Programa Integrado de Desenvolvimento Desportivo e o diminutivo foi uma sugestão de Manuel Boa de Jesus entre outras soluções discutidas sob liderança de Mirandela da Costa.

Teve dois volumes, o primeiro dedicado à produção de desporto português e à sua projecção para a década seguinte. O segundo volume incluindo outras medidas e áreas de intervenção integrantes do conceito de política desportiva ampla que o desporto de então beneficiou e que depois os partidos dos governos fecharam no direito ao serviço da política partidária.

Foi um documento de um período contraditório e um conhecimento desportivo ainda limitado e que depois cresceu na década seguinte e cresceu exponencialmente com o voltar do século.


II
A situação agora é diferente e isso não se nota na proposta de VM.

Uma coisa são as propostas dos blogues e dos artigos e outra é uma proposta visando objectivos de política de longo prazo para sustentação da acção do governo.

A sugestão de Vicente Moura de fazer um Plano Integrado de Desenvolvimento Desportivo levanta uma questão que era útil esclarecer:
  • Depois de duas décadas a trabalhar sem rede no COP e fora dele, porque se lembrou só agora de projectos do século passado. O Plano Dourado alemão tem meio século e o PROIDD duas décadas. O que é que garante que repetir modelos do século passado vai ser útil para o desporto português?
Talvez o acenar desta proposta esteja na tentativa de evitar ao governo alternativas que nunca foram usadas no passado e a ciência hoje suscita.

III
O que parece estar em curso é certa iniquidade da política desportiva.

Há pouco tempo foi dito que nenhum projecto estrutural seria feito na área do conhecimento do desporto.

Daí os três estudos de direito do desporto sobre o futebol profissional que afinal não eram só sobre o futebol e passaram a ser para o desporto com a equipa que daria o melhor ao futebol.

A propostas estruturais responde-se com o silêncio e afiançou-se que os três estudos foram feitos para responder às necessidades de projecção e desenvolvimento desportivo nacional.

Ainda os estudos não tinham sido publicados e já a proposta de VM aparecia no CND.

Colocam-se pessoas sem currículo relevante, as lideranças públicas e privadas escondem-se e fazem-se circular entrevistas sem nervo e sem futuro desportivo.

Não se faz frente às críticas surgidas na comunicação social aos estudos.

Desconhece-se o avanço das soluções e formulação de consensos a partir do contraditório da opinião pública.

Perguntar-se-á: Porque é que se apresentam os estudos publicamente se não se mantém o diálogo público e se formula a consensualização de princípios e de objectivos?



IV
  1. Face a este cenário nacional falta ao desporto português liderança, coerência e doutrina.
  2. Falta ao desporto a mão forte da doutrina, da capacidade de conceber e fazer cumprir um programa com o desporto na liderança unívoca, determinada e voluntariosa sem receio de fazer e de emendar os actos menos sucedidos.
  3. Falta ao desporto um líder capaz de trabalhar com uma doutrina.
  4. Falta ao desporto português um líder capaz de liderar uma equipa de capacidade de concepção de políticas desportivas para o século XXI.
  5. Falta ao desporto um líder capaz de agregar à sua volta questões tão contraditórias como o óptimo para o futuro e as necessidades sufocantes do curto prazo seja das federações mais pequenas às maiores como o futebol e o atletismo.
  6. Falta ao desporto um líder que leve atrás de si o partido, ou os partidos do governo e os ministros de todas as pastas relacionadas com o desporto.
Todos estes pontos estão relacionados. A falha de um, compromete-os a todos.

Os últimos mais de vinte anos demonstram essa enorme incapacidade nacional, apesar do desporto de hoje ser distinto para melhor, aparecendo a acumulação de coisas boas e tantas que custam a ser ultrapassadas.

Passaram-se seis meses os factos aí estão sem a liderança de uma doutrina e de um pensamento claro e insinuante que una o desporto e o país.

Quantos meses serão necessários para corrigir lapsos claros que aparecem e se acumulam?

O que é pior ter a criatividade e a ombridade de assumir o que se faz ou esconder e deixar arrastar o erro e o seu impacto na vida dos parceiros desportivos como tanto se faz no desporto português?

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