quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os estatutos do IPDJ, breve apreciação

I a
Os estatutos do IPDJ são um resultado positivo em relação a trabalhos dos últimos seis meses.

O documento apresenta propostas que no passado não encontravam eco nas políticas públicas e funções que foram diminuídas em anos mais recentes.

I b
A regulação pública e o governo do desporto são actos de sublimação de sensibilidades e de características complexas das sociedades europeias modernas e que na presente legislatura se têm encontrado abaixo das expectativas dos agentes mais exigentes e de maior sensibilidade face à governação do desporto português.

A equipa criada pelo XIX governo tem características pessoais, de conhecimento científico, técnico e experiência pública distintas do XVIII governo e isso tem sido patente nos outputs produzidos.

O governo anterior foi incapaz de alterar muitos dos seus passos e este documento do actual governo surgirá como uma melhoria na capacidade de ouvir outrem. Este é um aspecto a notar também positivamente, caso a sua performance mantenha um comportamento ascendente.


Elogiado o trabalho nos seus aspectos positivos há que indicar outras vertentes.

II a
Será na sublimação de características e obrigações por vezes contraditórias que o documento é menor.

Falta-lhe o conteúdo doutrinal que não tendo surgido no passado nos documentos já produzidos deixa o actual instrumento sem rede.

A estrutura e conteúdo dos estatutos ora publicado não se relacionam com documentos saídos nos últimos meses e não é curial que o desporto tenha estruturas de regulação públicas que sirvam para o que quer que seja que seja.

Desconhece-se qual o fulcro da acção pública para os próximos anos e a estrutura aprovada é indiferente nos seus propósitos.

João Boaventura demonstrou nestas páginas a longa história das orgânicas das agências públicas do desporto e esta, sem um ponto central de focagem, vai perder-se em múltiplas direcções igualmente relevantes na perspectiva de múltiplos actores.

II b
Quem serão os prejudicados da dificuldade de focagem da política desportiva será o associativismo que conhece o filme e procurará minimizar prejuízos e apropriar-se das pontas onde quer que surjam.

Veja-se como o COP percebeu, com meses de atraso, que ganhava benefícios apresentar propostas avulso como fez a Liga de Clubes de Futebol, que não quer saber do resto do desporto, e o COP já vai em duas propostas um Plano Integrado de Desenvolvimento Desportivo e os talentos desportivos.

Enquanto Gilberto Madail definiu a sua saída e não voltou com a sua palavra atrás, há o risco do governo actual, estruturando-se para tudo e para nada em especial, continuar a fazer desporto em odres que materialmente nunca produziram resultados mundiais e ao nível do potencial desportivo de Portugal.

Conclusão
Existe uma margem de manobra que foi acautelada na elaboração dos estatutos e essa margem foi um acto de bom senso que pode permitir corrigir os passos dados.

A virtude estará na capacidade da futura liderança do IPDJ melhorar os estatutos agora apresentados.

O jogo continuar a estar nas mãos do governo. 

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