sábado, 24 de março de 2012

O futebol demonstra aos partidos políticos que a realidade desportiva pode trazer dissabores

I
A crise do futebol cujos problemas surgem de múltiplos vertentes deveriam sugerir aos partidos duas questões bem distintas:
  1. a necessidade de uma política alternativa ao passado desportivo e que parece continuar-se a mimetizar com ligeiras diferenças.
  2. a ineficácia de políticas acabadas de lançar como a da ética e a oportunidade que deixa à oposição de marcar diferenças propondo projectos bem concebidos e estruturalmente relevantes para o desenvolvimento desportivo nacional.
II
É patente que a crise tradicional do futebol se agravou nos últimos meses e importaria conhecer devido a que causas:
  1. consequência natural da crise de contexto político, económico e social do país
  2. razão directa das suas próprias dificuldades que se agravam 'naturalmente'
  3. se pela ineficácia das medidas de política que afectam tradicionalmente o sector
  4. se pela carência de novas medidas e eficácia política 
Os problemas do futebol com a força e urgência que são colocados, prejudicam o restante sistema desportivo por exigirem uma constante atenção da sociedade que, temerosa, não tem tempo nem olhos para o restante desporto.

Os conceitos insuficientes surgem como por exemplo:
Mas a realidade é dinâmica, plural, complexa e o programa da ética nada diz ou faz sobre o que surge debaixo dos seus pés:

III
No desporto os partidos têm um enorme espaço de actuação política, em particular actuando onde os programas governamentais são uma montra de figuras políticas e carecem de substância política.

Novos posicionamentos políticos já deveriam ter dito que a ética não se decreta e que se pratica.

Em termos de eficácia política os maiores responsáveis pela violência e marginalidade estão fora do programa e dir-se-ia, pela tradição, que são inimputáveis.

No desporto a violência e o hooliganismo, das palavras e dos actos, têm custos directos e indirectos onerando os recursos desportivos escassos que são retirados à prática desportiva para alimentar os prevaricadores sejam os clubes com claques ou as corporações como as policiais e as do aparelho judiciário.

Desconhece-se se os partidos políticos acham que os custos indirectos da falta de ética são benéficos ou se achando que são cancros, que alastram na sociedade e cujas consequências são invisíveis e imprevisíveis, quais as medidas que defendem para a sua resolução.

Por tradição em Portugal a política desportiva faz uma leitura ligeira da ética, contenta-se com a montagem de cenas políticas para a comunicação social e contenta-se consigo própria, vejam-se as fotografias tradicionais das ocasiões políticas nos sites e na comunicação social.

Em concreto, se o programa da ética é substantivo, os partidos deveriam responder:
  • o que tem o programa a dizer sobre as medidas necessárias para combater os actos de violência mais graves comuns no futebol da I liga?
  • quem beneficia e quem paga as despesas da violência nos jogos, das claques e dos árbitros?
  • face à ineficácia do programa vai criar-se um grupo de trabalho para lidar com a violência no futebol?
  • ...
IV
Os partidos deveriam atentar que o espaço de intervenção político se mantém amplo no desporto português.

É tão amplo quanto as políticas dos governos nacionais apresentam ineficiências usuais e são incapazes de resolver os desafios colocados pela produção desportiva do século XXI.

Seria lamentável que os partidos se contentassem uma vez mais em mimetizar o goveno. Seria eticamente incongruente que agora os partidos se calassem às contradições e insuficiências e sejam incapazes de uma perspectiva nova face à actual dificuldade de criar um novo desporto.

Os partidos poderão também fazer o que fizeram inúmeras vezes em décadas passadas que é voltar a tocar a mesma música com o mesmo chefe da banda do passado.

Caso seja este o objectivo que materialmente está a ser construído por algum dos protagonistas então é definitivamente melhor pensar alternativas porque o filme da incapacidade política já passou mais do que uma vez e a realidade nacional e europeia definitivamente não se coaduna com modelos das décadas passadas.

Não será ético passar a mesma música e eleger o chefe da banda do passado, mesmo que as rendas que se ganharam com estes procedimentos tenham parecido satisfatórias aos olhos dos líderes políticos nacionais do passado.

Também não parece aceitável algum partido ficar contente com o resvalar de eficácia política que os tempos trazem e mostram a dificuldade de atinar outro futuro para o desporto.

Nestes meses todos que passam o futebol é o teste do algodão para a política desportiva nacional e o futebol demonstra como o algodão não está limpo.

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