Texto publicado hoje no Público na página 54 do caderno principal
O PSD errou ao não criar um ministério agregando a Cultura,
o Desporto e a Juventude. O INATEL ficou fora da fusão da Juventude e do
Desporto e é um absurdo da administração pública central porque vende retalho
cultural, desportivo e turístico. O CDS, de Pedro Mota Soares, não o entende ou
não quer largar a mão da FNAT da ‘Alegria no Trabalho’ de Oliveira Salazar.
Ouvir/ler Francisco José Viegas permite compreender a
performance desigual do XIX governo e da armadilha que o país não resolve no
desporto. A Cultura marca a actualidade com projectos estruturantes das indústrias
criativas, o acordo ortográfico, a relação com o turismo e as rotas do
património e os polos excelência dos teatros e companhias nacionais. Apenas lhe
falta olhar para as políticas de consumo cultural de massas a fim de promover o
consumo privado ao longo da vida e de sustentação da oferta de excelência
cultural que o país produz.
O Desporto fala do futebol, nem sempre pelos motivos
lisonjeiros, a ida aos Jogos Olímpicos faz-se envergonhadamente e o património do
Euro2004 é ineficiente.
Na prática desportiva juvenil sabe-se que apenas pouco mais
de 15% dos jovens em idade escolar praticam desporto quando na Europa se procura
que a maior parte o consumam incluindo a paridade de prática desportiva entre
rapazes e raparigas, que em Portugal está em 3 rapazes para 1 rapariga.
Tal como José Sócrates viu e mal, o desporto e o Euro2004 como
projecto de conquista do PS e do país, também noutros lados há quem siga o
exemplo e construa inverosimilhanças à custa da cultura desportiva da
população. De momento na nova orgânica do Estado a Juventude ‘papa’ o Desporto,
e do INATEL não se fala nada. Os grupos de trabalho governamentais para o
desporto, juntando catedráticos e venerandos seniores produzem ‘o seu melhor’
sem um rumo na legislatura, assistindo o desporto ao assédio laboral, de
conhecimento e de competências estreitas impostas pelo actual poder político tão
equivalente ao poder anterior.
A Cultura e o Desporto necessitam um do outro para o consumo
de toda a população. Esta equação tem funções de produção económica distintas e
que são relevantes no consumo de massas e na produção do sublime, as quais são
segmentos económicos e sociais que geram externalidades cruzadas como única
forma de potenciar o bem-estar nacional.
Diz Francisco José Viegas “Seria ridículo que encerrássemos
as portas, … Pusemos as administrações em contacto com os trabalhadores, e
garantimos tranquilidade aos corpos de bailarinos, músicos, atores e técnicos.”
Este discurso parece fazer sentido económico mas no desporto seria necessário
mais, onde tanta falta faz uma cultura e uma política, outras.
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