domingo, 8 de abril de 2012

As malfeitorias ao Desporto


Texto publicado hoje no Público na página 54 do caderno principal

O PSD errou ao não criar um ministério agregando a Cultura, o Desporto e a Juventude. O INATEL ficou fora da fusão da Juventude e do Desporto e é um absurdo da administração pública central porque vende retalho cultural, desportivo e turístico. O CDS, de Pedro Mota Soares, não o entende ou não quer largar a mão da FNAT da ‘Alegria no Trabalho’ de Oliveira Salazar.

Ouvir/ler Francisco José Viegas permite compreender a performance desigual do XIX governo e da armadilha que o país não resolve no desporto. A Cultura marca a actualidade com projectos estruturantes das indústrias criativas, o acordo ortográfico, a relação com o turismo e as rotas do património e os polos excelência dos teatros e companhias nacionais. Apenas lhe falta olhar para as políticas de consumo cultural de massas a fim de promover o consumo privado ao longo da vida e de sustentação da oferta de excelência cultural que o país produz.

O Desporto fala do futebol, nem sempre pelos motivos lisonjeiros, a ida aos Jogos Olímpicos faz-se envergonhadamente e o património do Euro2004 é ineficiente.

Na prática desportiva juvenil sabe-se que apenas pouco mais de 15% dos jovens em idade escolar praticam desporto quando na Europa se procura que a maior parte o consumam incluindo a paridade de prática desportiva entre rapazes e raparigas, que em Portugal está em 3 rapazes para 1 rapariga.

Tal como José Sócrates viu e mal, o desporto e o Euro2004 como projecto de conquista do PS e do país, também noutros lados há quem siga o exemplo e construa inverosimilhanças à custa da cultura desportiva da população. De momento na nova orgânica do Estado a Juventude ‘papa’ o Desporto, e do INATEL não se fala nada. Os grupos de trabalho governamentais para o desporto, juntando catedráticos e venerandos seniores produzem ‘o seu melhor’ sem um rumo na legislatura, assistindo o desporto ao assédio laboral, de conhecimento e de competências estreitas impostas pelo actual poder político tão equivalente ao poder anterior.

A Cultura e o Desporto necessitam um do outro para o consumo de toda a população. Esta equação tem funções de produção económica distintas e que são relevantes no consumo de massas e na produção do sublime, as quais são segmentos económicos e sociais que geram externalidades cruzadas como única forma de potenciar o bem-estar nacional.

Diz Francisco José Viegas “Seria ridículo que encerrássemos as portas, … Pusemos as administrações em contacto com os trabalhadores, e garantimos tranquilidade aos corpos de bailarinos, músicos, atores e técnicos.” Este discurso parece fazer sentido económico mas no desporto seria necessário mais, onde tanta falta faz uma cultura e uma política, outras.

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