quarta-feira, 2 de maio de 2012

2. A TRADIÇÃO INGLESA NAS TENTATIVAS FALHADAS DOS JOGOS OLÍMPICOS ?

 Quando Henrique VIII assumiu o poder em 1509, rompeu com a Igreja Católica Romana e fundou a Igreja de Inglaterra ou Igreja Anglicana, em 1534, esta simples mudança de fé teve fortes repercussões nas universidades, e em especial nos professores de grego, de Oxford e Cambridge, a partir de 1540, e cujas traduções dos clássicos gregos terão aguçado o interesse pela história dos antigos Jogos Olímpicos.
Tem-se posto a hipótese de que teria havido um elo de influência da Universidade de Cambridge nos “Cotswold Olimpicks”, considerando os seguintes factores:

1. O criador dos “Cotswold Olimpicks”, Robert Dover, ter ingressado na Universidade de Cambridge, em 1595, e sido induzido a introduzir o signo “Olimpicks”, por o termo ser usual, dado constituir o centro de interesse de então, mas pouco preciso, transformando um arremedo de jogos olímpicos num jogo rural tradicional, ou festival anual, ou, mais precisamente, como se vê na capa amarelada do livro, ínsita no anterior post, denominando-os de “Robert Dover’s Cotswold Olimpicks”, ou seja, “Olímpicos de Cotswold de Robert Dover”, para não haver dúvidas quanto ao seu criador que aparece, na parte inferior, montado a cavalo a dirigir os jogos;
2. A localização geográfica, tanto dos jogos como da Universidade de Cambridge, em Gloucestershire;
3. A abertura ao conhecimento histórico dos jogos olímpicos da antiguidade se terem iniciado em 1540, na Universidade de Cambridge, e os primeiros “Cotswold Olimpicks”, iniciado em 1612, uma separação temporal de 72 anos;
4. A prática do futebol a partir de 1570, entre os estudantes do Trinity College e os da Cambridge Town, constituiria uma base para despertar interesse pelo conhecimento do mundo lúdico-agonístico grego.

Outro aluno da Universidade de Cambridge, Symonds D’Ewes, teria escrito, no seu diário, em 1620, sobre “Mog Magog Olympic Games”, mas desconhecem-se pormenores, e é provável que tenha sido fruto de uma imaginação fértil, sem qualquer ligação com a realidade. Matéria similar vamos encontrar nos falados Jogos Olímpicos de Hampton Court, que teriam sido realizados em 1679, mas as fontes são desconhecidas.

A difusão da palavra Olímpico insinua-se, sem o conhecimento preciso da matéria, porque na Universidade de Oxford, em 1681, os estudantes interpretavam os desportos folclóricos como sendo “Olympic”, e porque a realização de jogos se processava em Cowley , em 1712,  o evento foi baptizado de “Olympiad of the country”. A própria imprensa da época já se entusiasmava de tal maneira com os Olímpicos, julgando-os próximos, que considerou a realização de qualquer jogo de cricket como qualquer dos jogos da antiguidade grega: ou Ístmico, ou Pítico, ou Olímpico. Mal comparado, relembra o aparecimento da bicicleta que levou o médico francês Tissié a considerar que ela era “um bom instrumento de ginástica”, o que equivaleria a considerar todas as modalidades desportivas como bons instrumentos de ginástica. Com o senão de Tissié nunca ter concordado com os Jogos Olímpicos, nem com as ideias de Coubertin.

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