sábado, 29 de dezembro de 2012

A contextualização necessária

O trabalho de modernização do desporto português será maior do que o de Sísifo.

A crítica que se faz ao trabalho da PWC por parte das federações como se observa hoje de novo na Bola pode ser justa mas parece incerta.

Existem problemas no desporto português e há que apresentar estruturadamente as causas e as soluções não de uma forma fechada mas permitindo obter consensos de posições que poderão ser contraditórias.

No outro dia um dirigente de uma federação indicou-me uma hipótese de trabalho que me parece correcta há muito e já a tenho sugerido.

Porém, logo de seguida diz que tinha de ser feita por investigadores internacionais porque em Portugal não existem pessoas capazes.

Ora, a procura de soluções internacionais foi o que Alexandre Mestre fez e contudo isso não coíbe os entrevistados da Bola de o liquidarem.

Por outro lado, também, a Troika faz aquilo que os líderes portugueses não fazem e a sugestão aqui fica, porque não contratar líderes desportivos para as federações porque os que existem não vão lá?

Tenho muitas dúvidas que haja dinheiro em Portugal para contratar quer as empresas multinacionais ou os investigadores estrangeiros para fazer os estudos necessários ao desenvolvimento desportivo nacional e da minha pobre experiência quando estes especialistas chegam a primeira coisa que dizem é: então digam lá as coisas para eu saber o que hei-de dizer a quem me paga o trabalho.

Os anos passam e estas atitudes de impotência impedem a mínima produção e acumulação de soluções através do saber-fazer nacional.

Há um problema de atitude no desporto e nos líderes nacionais que se observa que noutros sectores vão conseguindo ultrapassar as próprias limitações. Os exemplos são as universidades, a cultura, os sapatos, a indústria e alguns mais.

Os líderes desportivos portugueses deviam olhar criticamente para si próprios e serem humildes perante a sociedade e a população portuguesa que lhes mete imenso dinheiro nas mãos e também o seu bem-estar e tantas vezes a vida dos seus filhos.

Os líderes federados são igualmente os primeiros a desculparem-se de mil e uma formas pelos resultados que não produzem e são incapazes de aceitar o trabalho e as propostas dos outros.

A crítica que agora se faz com o estudo da PWC podendo ser legítima, peca pela incapacidade de debater os resultados e colocar alternativas consensuais o que já o desporto português fez e faz com outros estudos e análises nacionais fechado em si mesmo.

O exemplo enfadonho do programa da Bola tem a virtude de demonstrar à opinião pública o que será o debate no seio do Conselho Nacional do Desporto e noutros fóruns de decisão da política desportiva nacional.

A Bola está de parabéns pelo programa por destapar a imagem que se suponha existir mas que os protagonistas calavam publicamente.

Parece óbvio por este exemplo que o debate sobre a política desportiva tem de se fazer com outros instrumentos e não estou a falar de outros protagonistas.

Quem está na corrida do programa da Bola são os corredores actuais assim como quem está no CND é quem lá está e a inovação a introduzir relaciona-se com as regras do jogo.

Ninguém gosta de assistir a uma competição com batota ou a um jogo de corredores sem nervo e que como aquele jogador há anos voltava-se para o colega e piscava o olho da falta que tinha tirado ao árbitro sobre o adversário e era desportivamente inexistente.

Tanto mais quanto este debate descontextualizado dos desafios reais do desporto português no todo europeu afecta sobremaneira a população portuguesa e os carenciados e os mais pobres.


Bom ano para todos.

Sem comentários:

Enviar um comentário