Retirei algumas partes da entrevista:
Acerca do Atletismo e se deverá apoiar FM
A
actual Direcção da FPA não tem que se sentir constrangida a apoiar-me a
candidato a Presidente do COP só pelo facto de ter sido Presidente da FPA. Se
reúno ou não as condições necessárias e suficientes para poder servir com
competência, dedicação e espírito de missão o Desporto Nacional e o Movimento
Olímpico, essa é outra questão…sendo certo que os representantes das Federações
, titulares da Comissão Executiva não foram eleitos para “proteger” a sua
modalidade.
Sobre Vicente Moura
Considero
que foi um dos mais difíceis, senão mesmo o mais intranquilo dos seus mandatos.
As comemorações do Centenário do COP, a realização dos jogos da Lusofonia, a
luta pela criação do Tribunal Arbitral do Desporto e sua instalação sob a égide
do COP, bem com a participação desportiva em Londres não disfarçaram a imagem
de uma perda progressiva de coesão e de participação dos membros da Comissão
Executiva, acentuando-se a ideia de um poder não partilhado.
A liderança
Todos os líderes gostariam de poder ter uma
governação partilhada, comprometida, responsabilizada. A concretização deste
objectivo no COP passará pela forma como a Comissão Executiva seja constituída.
Esta terá de integrar pessoas competentes e sobretudo muito disponíveis. Não
faz qualquer sentido que os lugares de maior responsabilidade política sejam
habitualmente atribuídos a “senadores” representativos das modalidades ditas
mais relevantes e que limitem a sua acção a um papel meramente decorativo. Tem
de se conseguir alcançar na composição da Comissão Executiva, um bom equilíbrio
entre um número (reduzido) de presidentes de federações olímpicas e não
olímpicas, dirigentes de federações que não sejam presidentes e personalidades
do mundo desportivo com passado e experiência sólidos.
Rio de Janeiro entre 0 e 3 medalhas
Os resultados a alcançar no Rio de Janeiro não
serão diferentes do que se tem conseguido desde que Portugal participa nos
jogos, ou seja, entre 0 e 3 medalhas. Enquanto não houver ganhos de escala no
financiamento para o alto rendimento em particular e para o desporto em geral,
enquanto não se aplicarem medidas de fundo na organização, nas estruturas e nas
políticas para o desporto dificilmente se poderá pensar noutro tipo de
resultados no desporto internacional.
Jorge Vieira e a presidência do Atletismo
Inteligente, culto, beneficiando de uma larga
experiência profissional no seio da FPA - mais de duas décadas – o Prof. Jorge
Vieira reúne condições muito favoráveis que lhe permitirão poder suplantar o
legado do seu antecessor.
Sobrevivência do Desporto
O grande problema das federações para o próximo
ciclo olímpico tem muito mais a ver com a sobrevivência do desporto federado,
sobretudo a da sua estrutura fundamental, os clubes, do que com a participação
nos Jogos. Com o acentuar da crise as federações foram obrigadas a entrar em
dietas forçadas com perdas acentuadas de financiamento público e privado, pelo
que este tema tem de deixar de ser um não-assunto para as federações integrando
prioritariamente a sua agenda. Como alguma convergência será melhor que nenhuma,
ao estado competirá incentivar o sector privado a assumir responsabilidades
sociais pelo benefício de retorno económico e de imagem que a lei do mecenato,
a Fundação do Desporto e o serviço público de televisão poderão assegurar. Há
que estimular o desporto antes que seja tarde.
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