quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A CM Lisboa e a Volvo Ocean Race

Tinha focado, aqui, a relevância da corrida de vela para o cabaz de megaeventos da cidade de Lisboa.

Agora em diferentes jornais, nomeadamente aqui, noticia-se que a CM Lisboa alterou a sua posição através de uma eventual mudança de opinião do PSD.

Não estou a favor ou contra.

Como economista observo que existe uma oportunidade para a capital mas preciso de mais dados antes de poder estruturar um juízo.

No último ano assisti a algumas conferências ou seminários onde alguns colegas universitários mostravam números entusiasmantes acerca do sucesso económico de inúmeros eventos e mega-eventos desportivos.

Fiquei alerta na primeira ocasião e nas outras confirmei a opinião de que o entusiasmo podendo ser legítimo face aos resultados apresentados era infundado devido a dificuldades metodológicas dos estudos.

Aliás estará à disposição de quem quiser estudos sobre eventos desportivos feitos em Portugal e é fácil verificar a unanimidade do optimismo e dos magníficos resultados dos eventos desportivos realizados entre nós.

Há vários problemas com procedimentos deste género:
  1. A população e os investidores ficam chateados com razão se depois lhes demonstram que a realidade não é tão proveitosa, nem ao olharem para os seus benefícios face aos investimentos feitos compreendem o optimismo da investigação feita.
  2. Isto aconteceu no Euro2004 e continua a acontecer.
  3. Mesmo que tenha um lucro pequeno ou mesmo um prejuízo, a verdade sobre o que se ganha e se perde é a melhor estratégia.
Isto no caso de haver uma estratégia.

A da CM Lisboa parece vir a ter Lisboa como porto de partida da regate a longo prazo.

À distância a que se está e pelo que se passou em edições anteriores já devia haver mais material sobre os custos e os benefícios para Lisboa e para a área metropolitana de Lisboa.

A população está farta de projectos-maravilha que enchem os bolsos a quem se paga para montar a festa e isso é uma despesa não é um investimento, saindo do Estado com ou sem CM.

Poderá ser investimento se a receita for uma aplicação vinda do exterior e se o valor acrescentado gerado não retirar benefícios locais a outros agentes económicos.

Isto são aspectos técnicos mas são eles que dão credibilidade à decisão de política desportiva seja autárquica ou de outra entidade.

Pelos vistos ainda há tempo e se os estudos não estão feitos era bom dar-lhes início porque eles também são parte do bom investimento.

Noutra dimensão que ainda não vi expresso nos jornais é que é importante envolver a base da prática da Vela e porque também não o projecto olímpico e o alto rendimento nacionais?

Como?

Seria um bom início de trabalho ter um projecto estrutural para a Vela nacional.

Agora que tanto se fala do Mar e com o alto patrocínio do Presidente da República e de tantas instituições era bom haver um projecto com cabeça, tronco e membros e não se estar unicamente pelas cerimónias públicas e a atirar dinheiro para cima dos desafios que syrgem da moda.

Como trabalhador no Concelho de Lisboa gostava que a CM de Lisboa explicasse melhor o projecto da Volvo Ocean Race muito para além do que vai conseguindo na Assembleia Municipal onde parece as ideias variarem bastante.

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