quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Iluminemos o CAR do atletismo

A notícia da iluminação do CAR é uma preciosidade que lança luz instantaneamente sobre os condicionamentos do Modelo de Desporto Português (MDP).

O atletismo aceitou receber o CAR que sabia estar incompleto, pelo menos quanto à luz.

Pouco se sabe de outras mazelas subjacentes à infraestrutura inaugurada e isto passa-se com o atletismo que se pensaria ter a capacidade de exigir outro comportamento público.

O Estado não construiu de raiz um centro completo dado que na data da inauguração não estava 100% apto a responder às necessidades dos atletas, nem o associativismo alertou para a existência de limitações graves.

Quantos pequenos factos como este corroem os projectos desportivos nacionais e a actividade dos atletas e dos clubes, porque as instituições que deveriam decidir bem fazem-no aos poucos, calando as opções de plenitude de produção desportiva?

Por definição no MDP faz-se o mínimo e partilha-se a mão que coça umas costas e a sua recíproca da mão do outro nas costas do primeiro.

Os resultados são claros nos jogos olímpicos e na participação desportiva.

A lei permite o uso pela metade, e pela metade da metade, daquilo que deveria ser do desporto por inteiro.

Desconhece-se o que é do desporto por inteiro.

Existe uma depuração mental autoinfligida da colocação daqueles que batem no peito a olhar para o céu e trabalham pela metade das necessidades reais do desporto moderno.

Algumas necessidades são como as da luz que qualquer electricista conseguirá resolver se um engenheiro eletrotécnico lhe fizer o boneco.

A realidade do desporto moderno é outra.

Por definição o desporto é diferente e o alto rendimento é uma especialização dessa coisa diferente.

Quem não se preocupa com o trabalho de um electricista terá capacidade para conceber o desporto moderno?

No MDP aposta-se na metade.

Veja-se também como a própria federação tem aceitado durante anos o projecto errado ou inacabado sem exigir as características correctas da infraestrutura criada com dinheiros públicos.

A afirmação das federações que elas é que sabem e a acusação de que o Estado são os maus da fita tem muito que se lhe diga.

Se isto acontece com o atletismo o que não se passará dali para baixo?

A resposta será mais simples.

No MDP parece funcionar o 'ou comes, ou calas-te!'

E quem é muito independente e sabe muito, cala-se!

Ontem viu-se o programa da SIC sobre o caso BPN.

No artigo do DN sobre o CAR do atletismo dá-se a notícia e não se fazem perguntas.

Este jornalismo diferente também é uma distinção do MDP.

Sem outro jornalismo o MDP vai continuar a ser igual.

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