A notícia da iluminação do CAR é uma preciosidade que lança luz instantaneamente sobre os condicionamentos do Modelo de Desporto Português (MDP).
O atletismo aceitou receber o CAR que sabia estar incompleto, pelo menos quanto à luz.
Pouco se sabe de outras mazelas subjacentes à infraestrutura inaugurada e isto passa-se com o atletismo que se pensaria ter a capacidade de exigir outro comportamento público.
O Estado não construiu de raiz um centro completo dado que na data da inauguração não estava 100% apto a responder às necessidades dos atletas, nem o associativismo alertou para a existência de limitações graves.
Quantos pequenos factos como este corroem os projectos desportivos nacionais e a actividade dos atletas e dos clubes, porque as instituições que deveriam decidir bem fazem-no aos poucos, calando as opções de plenitude de produção desportiva?
Por definição no MDP faz-se o mínimo e partilha-se a mão que coça umas costas e a sua recíproca da mão do outro nas costas do primeiro.
Os resultados são claros nos jogos olímpicos e na participação desportiva.
A lei permite o uso pela metade, e pela metade da metade, daquilo que deveria ser do desporto por inteiro.
Desconhece-se o que é do desporto por inteiro.
Existe uma depuração mental autoinfligida da colocação daqueles que batem no peito a olhar para o céu e trabalham pela metade das necessidades reais do desporto moderno.
Algumas necessidades são como as da luz que qualquer electricista conseguirá resolver se um engenheiro eletrotécnico lhe fizer o boneco.
A realidade do desporto moderno é outra.
Por definição o desporto é diferente e o alto rendimento é uma especialização dessa coisa diferente.
Quem não se preocupa com o trabalho de um electricista terá capacidade para conceber o desporto moderno?
No MDP aposta-se na metade.
Veja-se também como a própria federação tem aceitado durante anos o projecto errado ou inacabado sem exigir as características correctas da infraestrutura criada com dinheiros públicos.
A afirmação das federações que elas é que sabem e a acusação de que o Estado são os maus da fita tem muito que se lhe diga.
Se isto acontece com o atletismo o que não se passará dali para baixo?
A resposta será mais simples.
No MDP parece funcionar o 'ou comes, ou calas-te!'
E quem é muito independente e sabe muito, cala-se!
Ontem viu-se o programa da SIC sobre o caso BPN.
No artigo do DN sobre o CAR do atletismo dá-se a notícia e não se fazem perguntas.
Este jornalismo diferente também é uma distinção do MDP.
Sem outro jornalismo o MDP vai continuar a ser igual.
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