O desporto tem perdido espaço e capacidade de actuação na sociedade portuguesa com o aquartelamento de posições inamovíveis nas organizações sem conseguir e sem partilhar o reconhecimento de um líder capaz de definir um objectivo, metas e uma estratégia única.
Elege-se quem o poder indica e ouve-se toda a gente dividindo o fraco pecúlio por todos, respeitando as preponderâncias.
Ferro Rodrigues que já foi secretário-geral do PS já sugeriu algumas coisas a António Costa e José Seguro e algumas das suas palavras para o PS no Jornal Sol são:
- "Os partidos são formados por pessoas, têm também que ver com os gostos, com a afectividade. O que vejo como negativo é que se esgrima como argumento político argumentos que são da ordem das lealdades e deslealdades. Todos os secretários-gerais do PS, de Mário Soares a António Guterres, tiveram pela frente internamente oposições muito fortes, muito organizadas, e com uma expressão no Parlamento. E o que fizeram ao fim de certo tempo foi enquadrar essas tendências e essas pessoas, pelo trabalho e pela participação activa. Espera que seja isso que vai acontecer.
- ... Para se partir para uma viagem política tão importante como é a de dar ao país esperança, com um governo amplo e que não seja meramente de partido, a unidade interna do PS com base em ideias concretas é indispensável. E o trabalho conjunto de toda a gente é indispensável. O ‘como’ depende sobretudo do secretário-geral."
Estas palavras são para o PS e podendo ser tomadas com distanciamento, também poderão servir ao desporto.
O trabalho de Fernando Mota poderá ter pecado por não se abrir suficientemente à sociedade, se bem que o calendário curto das eleições levasse à captura da insatisfação latente, face ao sucesso do atletismo e à repartição do bolo que se teria de fazer. Fernando Mota foi vítima de um modelo que criminaliza os outsiders e remunera a captura de benefícios, entre outras limitações. Não terá bastado criar alternativas institucionais como a criação de um grupo de presidentes que pensam a realidade desportiva que conhecem tão bem. Se os presidentes das federações é que 'sabem' eles não se aperceberam que a diferença para o caos estava aos seus pés. Se soubessem teriam assumido outras posições e defendido melhor as suas damas, pelo menos alguns desses presidentes. A abertura à sociedade é importante para ter uma pluralidade de posições que fortaleçam a decisão. Dá a ideia que ter formado o grupo de trabalho deveria ter ido mais longe, equacionando uma nova realidade do desporto nacional. O grupo de trabalho foi identificado com o seu promotor e menorizado não conseguindo subir a um patamar superior de questionamento e equacionamento do todo de uma realidade desportiva complexa. Falhado o grupo essa realidade poderá voltar a acontecer com cores diferentes dado que o peso do passado é muito grande.
Olhando o futuro os argumentos esgrimidos são importantes, as opiniões e posições divergentes também, e a viagem que agora se inicia no desporto é a de dar uma esperança, com uma liderança que não seja meramente de um partido ou grupo e o assumir a competência de trabalho de toda a gente é indispensável.
Ferro Rodrigues refere o seguinte: "O ‘como’ depende sobretudo do secretário-geral."
Parafraseando Ferro Rodrigues podemos dizer: O ‘como’ depende sobretudo do presidente do COP.
Eleger o bom presidente do COP está na mão das federações.
Bom domingo!
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