domingo, 22 de janeiro de 2012

O limpo e o sujo. O cozido e o cru


A massa crítica do mundo desportivo admira-se de os jogadores portugueses saírem do país, e os clubes chamarem jogadores estrangeiros… sabe-se agora porquê.


- (…) Há aí duas dúzias de rapazes, cheios de talento e mocidade, que esperam ansiosamente, para serem úteis ao seu país, que o Estado se resolva a olhar para eles. (…)
- Estamos de acordo. O pensamento e o espírito não devem parar. Há que estimulá-los e dar-lhes um movimento contínuo. Diga portanto a esses rapazes, que tenham confiança e saibam esperar. (António Ferro, Salazar o homem e a sua obra, Edições FP, Lisboa, 1982, p. 124)


O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu este sábado, em Santo Tirso, a necessidade de "reter os mais jovens" nas suas terras para que "não sejam tentados a ir para outras paragens ou mesmo para o estrangeiro". (Correio da Manhã, 21.01.2002)


É preciso travar a vaga de emigração que está a acontecer no nosso país. (…)(…) Segundo as estimativas oficiais, em 2011, cerca de 120 mil portugueses terão abandonado o país. Um número nunca atingido durante as décadas de maior emigração portuguesa como os anos 60. (…) Muitos já não desejam voltar. (Renascença, 22-01-2012).


Enquanto o Ministro Adjunto convida os portugueses a emigrar o secretário de Estado adjunto do Ministro Adjunto dá o negativo do retrato – convida os imigrantes a não saírem

O Governo quer travar o regresso dos imigrantes aos países de origem, através de várias medidas a implementar nos próximos anos, diz o secretário de Estado adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares. (Renascença, 22-01-2012)


A mais valia que o Governo atribui aos imigrantes, rejeita nos jovens por isso os ostraciza

O Governo considera que a imigração é uma das alavancas para o país sair da crise, não só pelo que representa em termos de equilíbrio da Segurança Social, mas também a nível demográfico, já que a crescente diminuição da taxa de natalidade no nosso país está a preocupar as autoridades(Renascença, 22-01-2012)

Conclusão


- E porque tem esse horror aos partidos ?

E Salazar, explicando-me, claramente, o seu pensamento:

- A Inglaterra vive, pode dizer-se, há séculos com os seus dois partidos alternando-se no poder, e até ao presente tem-se dado bem com isso. A educação cívica do povo leva as massas a deslocarem-se entre os dois, levadas por grandes movimentos de ideias, ou por grandes aspirações, ou necessidades nacionais. Em Portugal, porém, esses agrupamentos formaram-se à volta de pessoas, de interesses mesquinhos, de apetites, e para satisfazer esses interesses e apetites. Ora, é essa mentalidade partidária que tem de acabar, se queremos entrar num verdadeiro período de renovação. (António Ferro, op. cit.,p. 161) 

2 comentários:

  1. Caro João
    As suas palavras alertam para a dificuldade de assumirmos um compromisso com a população e o seu futuro.
    Há vários níveis sociais, de rendimento e de capital humano entre a imigração e a emigração e o que mais admira é a carência de um pensamento estruturado na política nacional que tenha essas realidades em conta.
    Temos os clubes que jogam com mais estrangeiros quase toda a primeira liga numa realidade conhecida e a tornar-se cada vez mais crítica há
    mais de uma década.
    Um abraço

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  2. Caros amigos:

    O que é feito da "geração coragem"? A formação foi-se...

    As transferências dão muito dinheiro aos clubes, ao invés da formação onde é preciso investir sem lucros imediatos.

    Soube-se no domingo que Totti, avançado da AS Roma, passou a ser o jogador com maior número de golos pelo mesmo clube na história do campeonato italiano de futebol. Aos 35 anos, Totti bateu um recorde de 56 anos - pois nunca foi transferido de clube!

    Nem nunca emigrou...

    Um abraço a ambos!

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