sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vamos assumir os nossos candidatos a Londres 2012!

Tenho-me batido pela transparência da candidatura de Portugal à conquista de medalhas olímpicas. Os frutos alcançados antes de 2008, devido ao crescimento de longo prazo dos resultados e das condições de produção do alto rendimento nacional, levaram o Estado e o associativismo desportivo a definir as 5 medalhas para Pequim.

Esta medida de política desportiva foi correcta mas inconsequente.

Um líder desportivo que se tinha afirmado à beira da reforma viu os resultados desportivos que esperava não acontecerem e em vez de sair como tinha prometido. Fez aquilo que eventualmente sempre tinha pensado e que era não se reformar, deixando para o desporto português e os seus atletas uma péssima imagem.

Os líderes desportivos privados intuíram que o momento não era de reformas profundas perante uma opinião pública crítica de todo o sucedido e pouco condescendente para com o desporto que se viu 'atirado à feras'.

A inconcequência do processo foi a do Estado incapaz de reafirmar propósitos éticos, chamar os bois pelos nomes e assumir um projecto desportivo inovador com determinação.

Com as dificuldades surgidas nas diferentes crises social, orçamental, económica e financeira para além do abrandamento do produto desportivo nacional, cujos resultados se fizeram sentir a partir de 2006, levaram em 2008 à formulação da negação de candidatura na conquista de medalhas olímpicas.

Os centros de alto rendimento cujo investimento se acentua são soluções como os estádios de futebol a que falta a definição de princípios e de objectivos de longo prazo.

A indefinição das medalhas é incorrecta porque tem consequências gravosas para a concepçâo da política desportiva, para a sua execução e para a imagem do próprio desporto.

Há hoje atletas capazes de alcançar medalhas quer pela sorte, como aconteceu em Atenas a Sérgio Paulino no ciclismo, quer atletas que podem explodir, quer outros que acompanham de perto as marcas mundiais, quer algum dos conceituados, etc.

Todos são os nossos campeões, devem ser tratados como tal e a sua consagração começa agora e não está dependente dos seus resultados.

Obviamente o equilíbrio entre a exposição pública e a concentração para a competição olímpica tem de ser ponderada para potenciar a vitória e proteger o atleta.

Num momento em que os dinheiros para o desporto diminuem acentuadamente não promover a imagem dos nossos campeões é um incentivo para sobrecarregar os orçamentos públicos e retirar recursos para segmentos mais necessitados de uma actuação pública activa.

A preparação para os resultados que vierem de Londres é a conformidade dos programas e dos resultados.

Portugal tem capacidade humana e económica para 5 medalhas de acordo com os níveis de produção de medalhas europeia dos últimos Jogos Olímpicos.

Ganhar 4 medalhas e ganhar apenas 3 medalhas é aceitável surgindo factores de maior produtividade no terreno de competição.

É esta concepção de produto desportivo, em particular do olímpico, que não se encontra no modelo português.

Um ponto para aproximar Portugal da Europa era conseguir equacionar e promover o debate científico e tecnológico, político e social, económico e desportivo do projecto olímpico de Portugal.

A promoção dos nossos campeões desportivos para Londres deveria ser observado como um factor de exportação da imagem de Portugal e dos seus produtos transaccionáveis o que demonstra que escondendo os campeões para esconder os medalháveis prejudica afinal o país em milhões de euros e nos torna diferentes, para pior, daquilo que é o saber-fazer olímpico na Europa e no mundo.

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