sexta-feira, 29 de junho de 2012

Competição, recreação e actividade física

Vários comentários no blogue Colectividade Desportiva ao discutir o conceito de desporto, competição e actividade física, sugerem a oportunidade de compreender o que os economistas chamam as 'peculiaridades' do bem desportivo.

A ideia do desporto ser peculiar significa que ele é distinto de outros bens o que condiciona a sua economia.

Um comentário de FdoE refere:
A incompreensão que L.Leite mostra relativamente à «competição» é comum (sem ofensa). É essa incompreensão que está na base de diferenças de opinião, que, não têm razão se ser. Apenas peço para se darem à possibilidade de pensarem que não há apenas um «tipo» («espécie») de competição. Que há várias espécies de competição, e que a que corresponde ao Desporto é apenas uma das do espectro «antropológico». Foi isso que foi inovador em 776 a.C. relativamente aos outros tipos de competição que existiam. Foi essa invenção cultural, de um novo tipo de competição, que marcou a génese daquilo que, depois, se viria a chamar «desporto». Se fizerem essa distinção entre «tipos de competição» a discussão ganha outra clareza, e deixa de ficar presa ás questões absolutamente laterais e secundárias da «recreação», «atividade física», etc.


 Luís Leite disse...
Concordo, por uma vez, com o (tal) homem da Função Pública.
A competição é uma característica humana e está presente em todas as áreas de atividade.
Menos em certas "caminhadas" politicamente corretas, em que não existe sequer qualquer motivação de auto-superação.
Mas de uma forma geral, o dia-a-dia das pessoas é feito de competição (a diferentes níveis), embora algumas pouco se preocupem com isso.
Mas no Desporto, mesmo no informal ou de recreação, há sempre competição.
Senão houver, não é Desporto.
29 de Junho de 2012 09:26
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Eu inclui o seguinte comentário:
O Guiness também é uma competição e o circo outra, assim como, quando estamos a correr sozinhos competimos contra algo, nós próprios ou o relógio.

A questão da normalização das actividades e das competições implica uma aceitação de regras vasta por um conjunto largo de indivíduos dispostos a praticar esse tipo de actividade/competição e também dispostos a observar outros a praticá-la.

A normalização e a estrutura de regras são instrumentos fundamentais quando a produção e o consumo se estende a milhões de indivíduos, organizações e instituições à volta do mundo.

Há ainda um factor relevante que é o direito de propriedade que é atribuído a apenas uma instituição. O direito de propriedade é reconhecido nacional e internacionalmente e caso ele não existisse seria impossível o maior nível técnico e tecnológico alcançado pelas federações.

É o direito de propriedade privado que assegura o desenvolvimento tecnológico de Ronaldo e Messi, Barcelona e Real Madrid, e das selecções mais vencedoras em geral. Havendo mais de uma federação de futebol o produto desportivo e o económico são mais baixos, como por exemplo acontece com as artes marciais orientais.

Estamos a falar no seio de uma determinada federação à especialização que cria os mísseis à Ronaldo e as fintas à Messi que não servem para absolutamente mais nada que não seja a perspectiva de resultar aleatória dos jogos em que participem.

Foi desta forma, FdoE, que desenvolvi a relação entre a competição desportiva e a sua utilidade económica para a estrutura de produção das federações desportivas.

Como acima sugiro a recreação e a actividade física são fundamentais para a competição. Quanto maior é a massa dos aprendizes da actividade desportiva que se ficam pelo recreio e pelo lazer, maior é o consumo directo e indirecto, presencial ou tecnológico, da competição profissional.

Se do ponto de vista da competição em si, a recreação e a actividade física são laterais, elas são fundamentais para a percepção óptima da competição e dos seus protagonismos, os quais dependem do respectivo consumo por consumidores conhecedores e exigentes quanto à qualidade e técnica do produto competitivo oferecido.

A essência da minha tese é a afirmação de que a pirâmide de uma determinada actividade desportiva tem três níveis de produção interligados: o informal e o formal, dividindo-se este último em recreação e alto rendimento.

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