domingo, 24 de junho de 2012

A destruição da economia do desporto português: o caso da bolha do direito do desporto português

Há vários casos paradigmáticos de como se destrói produto desportivo em Portugal, sejam no caso as actividades, sejam áreas a montante e a jusante que engrandecem e contribuem com substância para um mercado, seja desportivo, seja outro qualquer.

O caso da Liga de Clubes de Mário Figueiredo: Hermínio Loureiro fez um estudo económico sobre a arbitragem. Laurentino Dias na apresentação do estudo criticou o estudo implicitamente e mostrou aquilo que fez durante as legislaturas que foi não trabalhar a economia do desporto. Fernando Gomes faz um estudo económico e vem Mário Figueiredo e, para além do departamento jurídico que possui, contrata um especialista, José Manuel Meirim no caso, para demonstrar que juridicamente podia aumentar o número de clubes. O desafio da dimensão do campeonato é desportivo, de gestão, económico e social antes de ser jurídico. Os homens do direito do desporto em Portugal não o sabem, ou sabem e não querem fazer bem feito.

O sinal de investimento no direito para além do comportamento de décadas do PS vem do governo PSD/CDS que forma vários grupos de trabalho cuja liderança é de direito.

O direito não tem respostas económicas, nem sociais, nem de gestão e ainda por cima a situação é gravosa porque o desporto português não estuda, nem investiga para resolver os desafios colocados e muitos investigadores estão fechados nas suas universidades sem conhecer a realidade da produção desportiva. Os grupos de trabalho não são a solução única para os desafios como está a ser feito.

Pode afirmar-se existir uma bolha de direito do desporto que leva a que a cada parecer a decisão relativiza-se, surge novo novo parecer num processo sem limites e sem princípios de produção e de governance fundamentais do desporto. A resposta de José Manuel Meirim a outro jurista que não se identificou no comentário acerca do Tribunal Arbitral de Desporto no blogue Colectividade Desportiva é claramente a perda de sentido sobre o que é o óptimo para o bem-estar e o bem comum do desporto e da população portuguesa, no caso sobre o TAD.

Esta bolha faz mal ao desporto e aos seus protagonistas. Criar grupos de trabalho do governo nomeando líderes divorciados dos seus constituintes como é o caso do COP e da CDP menoriza a liderança desses grupos, por catedráticos que sejam, e trabalham com a matéria colectada e conhecida e são incapazes de avançar com profundidade visando a média de produção desportiva europeia.

Outro caso ainda da forma de engrandecer a bolha é usar a economia para sustentar o que se quer fazer. Esse é o caso de dizer que Lisboa se poderia candidatar a Jogos Olímpicos porque existem estudos económicos que o demonstrariam. Os economistas são almas iguais a todas as outras e a bolha financeira demonstrou como eles também erram e erram em grande, levando à ruína populações, empresas, países e mercados continentais. Esta argumentação do COP tem segundas intenções e é inaceitável. O COP defende-a há décadas e a bancarrota portuguesa e a falência dos estádios de futebol do Euro2004 deveria dizer a estas instituições que há processos e projectos que são simplesmente inaceitáveis.

Estamos portanto perante juristas do direito do desporto de altíssimo perfil que se anulam mutuamente, ocupam os mais altos lugares da magistratura desportiva e arredores, usam os gestores de desporto e outras profissões para assegurarem o cumprimento dos despachos, das leis e dos artigos da lei do desporto.

Como economista observei no último ano a evolução do PSD de Alexandre Mestre e tenho dúvidas que esteja a obter o melhor do desporto para o seu PSD. O processo sendo distinto do de Laurentino Dias do PS não terá resultados contrastantes.

Mesmo que ganhemos o Euro2012, falta desporto ao nosso desporto.

2 comentários:

  1. Apenas para deixar bem claro que a afirmação de que o actual presidente da LPFP me solictou um parecer jurídico para justificar o alargamento da I liga não é verdadeira.Convém, mesmo não estando vinculados a uma abordagem jornalística,com o que isso implica de forma de crroborar notícias, ter algum cuidado no que se afirma.

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  2. Obrigado pelo seu esclarecimento.

    A questão da bolha do direito que eu estou a procurar formalizar é relevante para o desporto criar soluções boas para os seus desafios.

    Se ela existe, o desporto fica prejudicado pela sobrevalorização de soluções que verdadeiramente podem não o ser.

    Se ela não existe então há a necessidade de procurar soluções noutro lado.

    Eventualmente os desafios do desporto português não se centram apenas na possível bolha.

    Quanto ao facto de se usar o nome de juristas para defender ou não determinadas posições é de momento demasiada areia para a minha camioneta.

    Diga sempre de sua justiça, José Manuel Meirim.

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