sábado, 14 de julho de 2012

As medalhas olímpicas e as palavras

Francis Obikwelu diz no Diário de Notícias:

  • "Um presidente não pode dizer isso. É necessário dar confiança aos atletas que estão nos Jogos. Neste momento os que lá estão são os melhores, mesmo sem a presença do Nélson [Évora], da Naíde [Gomes] ou do Rui Silva. A motivação é muito importante e não se pode dizer que há quatro anos estávamos mais fortes", defendeu o atleta de 33 anos.
O 'isso' são as seguintes palavras de Vicente Moura:
  • "As minhas previsões não são muito otimistas em termos de pódio, mas não em termos de final. Às vezes as coisas acontecem. Há quatro anos enganei-me e espero que me volte a enganar novamente em Londres", afirmou Vicente Moura.
  • “Eu pessoalmente acho que o Comité Olímpico não tem de traçar metas nem objectivos”, confessa, destacando que nem sempre o Comité acompanha de perto o percurso dos atletas. “Nas Olimpíadas anteriores esperavam-se cinco medalhas e afinal só apareceram duas. De onde é que vêm essas cinco que estavam à espera? Não sei até que ponto às vezes não se deixam levar pelo entusiasmo...”
Vamos repetir aquilo que Marco Fortes já aprendeu uma vez em Economia do Desporto e que parece que se esquece actualmente:
  • As cinco medalhas devem-se a uma extrapolação que se realiza entre o produto económico e a dimensão demográfica dos países europeus que asseguram que países com as características de Portugal alcançam cerca de 5 medalhas em cada realização dos Jogos Olímpicos de Verão. As 5 medalhas são um objectivo nacional legítimo que Portugal tem dado possuir cerca de 10 milhões de habitantes e o seu Produto Nacional Bruto ser da ordem dos 163 mil milhões de euros em valores correntes.
Já Nuno Delgado, também no DN, tem outra interpretação que nos deixa no domínio do onírico, à semelhança de um treinador de futebol:
  • "Tivemos uma geração em Pequim que era extraordinária. Tínhamos vários campeões da Europa e do Mundo. Neste momento temos dois campeões da Europa. Isso é uma limitação, até porque perdemos todos os nossos medalhados olímpicos em edições anteriores. Temos de ser realistas, mas isso não nos impede de sonhar", realçou.
Colocando os pés na Europa pode deixar-se a seguinte questão:
  • Se Portugal aplicasse os processos de trabalho que essa Europa Olímpica tem, seria ou não expectável que um atleta que se qualifica entre os dez melhores do mundo com regularidade nos dois últimos anos e estivesse no gozo de uma carreira ascendente, é legítima a candidatura a uma medalha sem temer que lhe 'caísse o Carmo e a Trindade' em cima se não a alcançasse?
A candidatura a uma medalha olímpica nestes jogos e em todos os outros é um acto só possível a gigantes, a seres com uma capacidade de entrega e sacrifício tão grandes que as Nações que se fazem grandes não recusam o apoio incondicional e o reconhecimento para a vida.

Falta-nos alguma complexificação de procedimentos e de salvaguardas que nos permitam construir um capital olímpico ao nível das nossas possibilidades históricas e aspirações dos portugueses e principalmente daqueles que desportivamente se podem da 'lei da morte se libertarem' no século XXI.

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