sábado, 15 de setembro de 2012

Há complexidades que importa reter do desporto moderno

Acompanho algumas características do comportamento de instituições do desporto europeu e mundial por dentro como sócio e como consultor de fóruns de especialistas.

Não me quero gabar, sou-o há muitos anos e o renovar dos contactos e a abertura de fronteiras sugere que é possível haver coisas a correrem bem apesar de tudo.

Alguns dados mostram certezas que importa reter e vir a debater para encontrar soluções.

A procura de soluções se as coisas não correm bem é uma preocupação fundamental.

O principal líder desportivo nacional, sem ser um dos presidentes do futebol, nesta altura diz que faltou dinheiro ao projecto olímpico. Ele está ligeiramente equivocado. O dinheiro não faltou porque o dinheiro que foi dado foi o pedido. Onde estão os documentos em que foram pedidos 30 milhões de euros, sou eu a especular, e onde está a resposta ou as respostas a negarem essa pretensão? O desporto tem de ter líderes capazes de colocar no papel o que pretendem fazer e assumir as suas palavras. os 14 milhões pedidos foram dados e os resultados estão produzidos. Era bom que as instituições que convidam determinadas personalidades para falarem do desporto tivessem o mínimo de interesse em convidar pessoas que baralham o panorama do desporto português.

A falência da Escolinha do Manchester United em Portugal é um exemplo da ausência de estudos económicos mínimos que nem a AGAP, o futebol, o associativismo desportivo fazem. As autarquias avançam para estes projectos e depois ficam entaladas porque o liberalismo de querer lucrar fácil e ter benefícios de rendas públicas é um conceito que apenas existe em Portugal. A situação das escolinhas privadas está a par da colocação dos grandes clubes portugueses em bolsa, ideia que pululou nos anos 90 pelas secretarias de estado a fora e regabofe dos 'históricos' dos grandes clubes. Há outros exemplos deste tipo de comportamentos liberais e cujo resultado é a situação actual do desporto português.

A talhe de foice está a questão da 'bolha do direito do desporto'. Eu comecei por dizê-lo a algumas pessoas e a ideia era discutir, aprofundar para encontrar soluções. O desporto português para passar de 1,4 mil milhões de euros para o dobro, três mil milhões de euros, necessita de tudo e todos e o valor alcança-se com a mudança de procedimentos, a racionalização dos critérios e a inserção de competitividade e democracia. Quando sou despedido da faculdade, sem uma explicação olhos nos olhos, compreendi como há pessoas que estão encurraladas e aterrorizadas usarão métodos de trabalho anquilosados. Mas mais, não existe uma convicção social ampla e interiorizada entre os agentes do desporto de que é possível fazer mais, muito mais.

Isto são algumas notas e para dizer que há quem ande a meter água abundantemente e perdoe-se-me o desbragar faz mal ao nosso desporto, ao partido e à profissão deles, ao nosso país e à nossa população.


Nem tudo são más notícias.
Em Novembro conto ir a Loulé falar sobre a situação actual do desporto português por convite para o seminário organizado pela respectiva Câmara Municipal, onde vão estar também o Augusto Baganha, Abel Santos, Amadeu Portilha, Gastão Sousa, Joaquim Viegas, Seruca Emídio.
Uma boa sessão de trabalho em perspectiva nos mares do sul, em Novembro.

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