Gustavo Pires face às personalidades que se candidatarão ao COP e do G-17, o grupo de federações que se reúne há alguns meses a esta parte, propõe hoje no Jornal de Notícias outra personalidade que até agora não se tinha falado.
Para além do mérito relativo de cada personalidade face ao passado e às suas perspectivas de futuro é relevante identificar critérios de decisão que melhor sirvam face a realidade desportiva concreta.
Podemos estar a discutir perfis de presidentes que se desenquadrem da realidade.
Aliás isso acaba de acontecer mais uma vez e que é recorrente no desporto português a eleição de dignas personalidades, apontadas pelos mais insignes príncipes deste país, que se revelam demasiado longe da expectativa gerada e da utilidade material do lugar que passam a ocupar.
O debate tem de ser feito a partir da governança corrente.
Há resultados desportivos no passado e há a necessidade de um outro quadro institucional cuja fulanização precoce pode ser contraditória:
- o desporto português é mediocre porque produziu 25 medalhas em 116 anos de olimpismo, o mesmo da Irlanda outro país periférico e católico e um quarto do país europeu mais próximo
- seria útil identificar a personalidade que liderou equipas e ganhou mais medalhas de ouro, prata e bronze
- é possível encontrar outros indicadores desportivos e eles poderão entrar na discussão do objecto do combate dos chefes
- há que relativizar resultados desportivos que sejam pontuais e não tenham a substância que o tempo acumula
- uma das limitações do desporto português é a rotação geracional em que há líderes que se eternizam enquanto as novas gerações não têm a oportunidade de cometer erros, experimentarem soluções novas e velhas com alguma diferença, e fazer o desporto beneficiar de quadros estruturais inovadores
- a articulação do ponto 2 deve relacionar-se com o ponto 4 no sentido de que a eleição da personalidade que em determinado momento surge como mais experiente, seja acompanhada de uma nova estrutura institucional que logo que essa personalidade falhe haja a possibilidade de discutir o que se passou, incluindo na melhor solução a substituição oportuna do substituto de Vicente Moura
- o compromisso pessoal do candidato e o modelo de princípios e de actuação que propõe é um instrumento público que deve ser superior a outros factores que existiram no passado e têm valorizado o 'business as usual'.
II
Continuo a considerar que os partidos políticos, todos e particularmente os que estão fora do arco governamental, deveriam ter um porta-voz para o desporto.
A vantagem deste porta-voz é a experimentação de políticas, programas, ideias de desporto, pessoas e equipas.
No passado os secretários de Estado acabaram por ser pessoas sem relevância social para a população sendo especialistas da máquina partidária e parlamentar mas incapazes de uma actuação social aberta e competitiva com outros agentes e outros sectores. Esta frase pode parecer forte mas a realidade desportiva demonstra que a relevância de tantas personalidades foi relativa face ao poder que tiveram de deixar uma marca no desporto e no país.
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