O currículo dos líderes passa pelo acumular de capital que permite em determinados momentos aceder a lugares superiores num crescendo que gera benefícios para o seu mercado e os parceiros que lá trabalham.
Nesta perspectiva houve um erro em Pequim em que naturalmente o ciclo da presidência de então do COP se devia ter fechado e aberto o ciclo de um novo líder para o COP português.
Os resultados frágeis do ciclo olímpico e da forma como as reformas do desporto português se estão a realizar são tremendamente prejudiciais para o desporto português.
Outros países conseguem fazer eleições em poucos dias e ter um novo governo todo a trabalhar enquanto entre nós são meses.
No desporto português o fim dos Jogos de Londres foram no Verão e vão passar meses até à eleição de um novo líder.
Este fim de semana o Expresso homenageia Fernando Mota como o líder desportivo mais realizador de medalhas olímpicas do desporto português e fica-se por aí.
Este tango extremamente lento e sincopado é das piores características do desporto português.
O corpo de eleitores deveria assumir uma governança moderna e deixar-se de rodriguinhos como se houvesse outras alternativas e o modelo fosse maduro e sustentável.
O desporto português tem um modelo falido necessitando de uma reforma corajosa muito corajosa.
Para mim Fernando Mota é o candidato natural à liderança do COP, caso dê esse passo, dado que a concorrência fica a milhas das suas realizações desportivas e na capacidade de colocar o Expresso a manifestar-lhe a justa homenagem.
Noutro país desenvolvido era naturalíssimo que o país e o desporto esperassem a sua candidatura para que execute no COP o resultado do Atletismo e ainda mais criando condições novas que até hoje o desporto português não conseguiu oferecer aos seus atletas e treinadores.
Outra candidatura ao COP com interesse é a de Manuel Brito que pelo seu lado pode afirmar que nas organizações onde esteve, Desporto Escolar, INDESP, COP, vereação na Câmara de Lisboa, sempre se guiou por princípios elevados e no interesse do desporto. Contudo, se estas são as eleições de Fernando Mota é obviamente certo que para a transformação profunda do desporto português há a necessidade de conseguir eleger para diferentes órgãos privados e públicos uma quantidade de líderes que substituirão a 'velha guarda' e deverão articular consensos múltiplos e transversais ao desporto e à sociedade.
É lamentável que as eleições do COP se estejam a passar desta forma sem conseguir chamar ao debate a maior parte das valias e do capital que o desporto acumulou e que são essenciais para o futuro.
A questão com que o novo presidente do COP tem de lidar é a sua capacidade de ao contrário do que as lideranças desportivas fizeram no passado conseguir potenciar o capital acumulado no desporto e que diversos, espalhados no território e nas organizações, não focam o futuro e potenciam o benefício da população portuguesa.
Para isso não existem Dons Sebastiões mas haveria de haver democracia e capacidade organizativa para o debate mais elevado e decisivo do desporto português dos últimos 30 anos.
Assumir Fernando Mota como um Dom Sebastião será colocá-lo igual ao retrato do passado e da manutenção do século XX do desporto português.
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