sábado, 14 de abril de 2012

Quantos euros vale um jovem em Portugal?

Artigo publicado no Expresso de 14 de Abril de 2012

"Elísio Estanque[1] e Cristina Galvão[2] falam respectivamente no défice de formação cívica das actuais gerações e na educação para a cidadania mas se nos questionarmos quanto vale a vida de um jovem, concluímos que se justifica conceber uma nova política de Juventude como forma de resolvermos o analfabetismo ancestral de que fala Maria Filomena Mónica[3].

No Expresso são revelados dados sobre o alcoolismo e a violência nas escolas que pela precocidade do consumo e de desregramento continuado tem impactos confirmados na saúde e na ineficácia educacional das futuras gerações. Com tantas famílias de baixa educação e rendimento Portugal nunca teve políticas eficazes de protecção e potenciação da sua Juventude. Quando tanto se fala em bens transacionáveis a relevância da importância económica da Juventude é uma matéria ausente das políticas públicas. As políticas de Juventude são tradicionalmente as ‘coisas das jotas’: geram soberanos, claques governamentais e parlamentares e passam incólumes pelos seus fracassos.

A morte do jovem, a segunda em dois anos nas mãos da mesma empresa, não sobressalta. Há gerações de jovens que suportam soluções corporativas e mercantis facilitadoras de álcool e desbarato para coroar o secundário e a entrada na universidade. As praxes são o exemplo da incapacidade em promover conteúdos universais, desportivos e culturais. As claques do Benfica, Sporting e Porto são a incapacidade das políticas de Educação, Cultura, Desporto, Juventude, Ética e de cortar o mal pela raiz. Fazem-se programas de Ética, o PNED, para que altos dignitários da nação coloquem a sua imagem sem que se lhes conheçam exemplos de ética desportiva no passado e para o resto dos tempos. É inaceitável que dos milhões de jovens menos de 15% pratiquem Desporto quando na Europa os países dão Desporto para 80% dos seus jovens. Saberá Francisco José Viegas quanta Cultura deveriam consumir os jovens? No Parlamento a discussão do Desporto faz-se sobre o pagamento das facturas do anterior Governo, as audiências aos clubes de futebol, o desemprego gerado pela fusão e fim de organismos públicos, o jogo online e o sempiterno Totonegócio.

Falta ao país saber promover o bem da sua Juventude. Sem políticas eficazes os acidentes acontecem e o país aconselha a Juventude a ir para longe (morrer?)."

[1] Público, 6ABR12, pg 53
[2] Expresso, 6ABR12, pg 16
[3] Expresso, 6ABR12, pg 17

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