segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Modelo Português de Desporto faliu

Este foi o tema da minha intervenção em Coimbra no excelente XIII Congresso da APOGESD.

Tal como diria o José Mourinho fiz a melhor intervenção do XIII Congresso chamando a atenção para o momento que se vive de profunda conflitualidade entre aquilo que seria o óptimo para o desporto português e actos extraordinários que muitos se questionam sobre o seu significado real.

De entre os factos extraordinários está a eleição do Gestor Desportivo do Ano e que deixou perplexos muitos dos que assistiam à cerimónia assim como o discurso de altos dirigentes desportivos enfatizando a justeza do impropério assim como a indicação de que tal exemplo deveria ser o futuro presidente do comité olímpico.

Também foi anunciado o futuro presidente da fundação do desporto que fez recuar a memória e a concepção do desporto à última e gloriosa década final do século XX.

Muito mais haveria de trazer à colação mas estes elementos sugerem uma imagem material do estado da saúde ética, científica e institucional do Modelo Português de Desporto.

A minha intervenção teve 6 pontos para explicar mais detalhadamente:
  1. dirigir-me aos jovens gestores de desporto constatando uma de 3 situações possíveis: a sua situação de emprego firme ou precário; uma outra situação possível de desemprego necessitando de uma mudança de organização ou procurando-a fora do desporto; a terceira tendo como hipótese a emigração eventualmente para a Europa ou para o Brasil.
  2. saber a situação da Europa do desporto no mundo sugere a sua primazia sobre os demais continentes desportivos América, Ásia e África.
  3. conhecer Portugal no todo europeu e constatar que se encontra no último lugar.
  4. desenvolver um modelo teórico para ajudar a encontrar uma saída para as crises, relacionado com a linha tese que apresenta uma Economia das Federações Desportivas.
  5. concluir que existe uma saída direccionada para a base da pirâmide do Modelo Europeu de Desporto  ao contrário do Modelo Português que apenas se preocupa e erradamente com o topo da pirâmide.
  6. uma vez que os meus companheiros de debate eram Luís Silva do FCPorto e Paulo Faria da Lagos Sport afiancei-lhes que os seus negócios teriam muito mais a ganhar com um modelo europeu do que com o vigente em Portugal.
Um importante cientista do desporto português não terá gostado mesmo nada da minha intervenção e sugeriu que tudo o que eu tinha dito não valia nada porque o problema do desporto português era a educação física que estava mal há 100 anos.

Respondi que as minhas lentes são as económicas e que o modelo económico que proponho tem vantagens sobre o modelo vigente e que como o modelo apenas se defronta com princípios de eficiência e racionalidade a questão de como se comportam os professores de educação física desde há cem anos será uma coisa que será interessante analisar mas que a racionalidade económica precisa de ser trabalhada.

Na verdade a questão dos desafios da educação física a ser exacta e bem fundamentada cientificamente o facto dela se manter durante 100 anos sugere a urgência de a analisar de facto e com competência, resolvendo-a, porque a afirmação do importante professor sugere a cabal incompetência dos profissionais e cientistas da educação física em acompanhar a modernidade europeia.

Voltando aos jovens gestores de desporto estes querem produzir desporto moderno e para eles é um prejuízo os intelectuais e os líderes desportivos não acertarem conceitos que segundo as palavras do investigador são impossíveis e segundo ele nada mais poderão os gestores de desporto fazer enquanto os intelectuais e líderes de desporto não resolverem o problema da educação física.

Eu acho este argumento da educação física física interessante, parecendo que ele obriga os gestores de desporto à ineficiência produtiva, à falência, ao emprego precário numa das situações, ao desemprego ou à emigração, enquanto não se resolve o problema da educação física.

E acabo por onde comecei, há inúmeros sinais que demonstram como o Modelo Português de Desporto é constituído e que essas características faliram a produção de desporto atirando-nos para o sopé do desporto europeu e prejudicam não só a população portuguesa, como os técnicos e gestores e as organizações que deveriam funcionar e lucrar de acordo com os critérios e potencial europeu que Portugal pontualmente vem demonstrando saber produzir.

Como referi no final da minha intervenção Portugal tem uma população maravilhosa, líderes desportivos que fazem milagres, assim como técnicos, árbitros, treinadores e atletas que dão pelo desporto o que a maior parte de nós nunca alcançou e que por eles há que encontrar uma forma de começarmos a produzir o melhor desporto que não conseguimos fazer até hoje de forma sustentada.

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